Até o final da itinerância da exposição, a previsão é que mais de 150 artistas tenham participado do projeto
Ampliando as discussões em torno da grande exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil”, atualmente em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo até o dia 4 de agosto de 2025, o Arquivo Fullgás já conta com cerca de 100 depoimentos de artistas visuais que iniciaram suas trajetórias na década de 1980. Até o final da temporada da exposição, que já passou pelo CCBB RJ e CCBB Brasília e terminará sua itinerância no CCBB BH, onde chegará no dia 27 de agosto deste ano, estão previstos mais de 150 depoimentos. Disponível gratuitamente no Instagram e no Youtube (@arquivo_fullgas), o arquivo é uma oportunidade única de o público ter acesso ao pensamento dos artistas e ao contexto histórico da época.
“Trata-se de um importante arquivo de depoimentos de artistas associados às muitas gerações 80 no Brasil. Em um país ainda carente de arquivos, publicações e mesmo documentários gratuitos e de fácil acesso a respeito das artes visuais no país, o Arquivo Fullgás é uma contribuição singela e sólida a uma tentativa de fazer alguma manutenção da memória desses artistas a partir de suas próprias falas, lembranças e contação de histórias. Ao ouvirmos depoimentos de artistas com carreiras tão assimétricas, com mídias diferentes e de lugares tão distantes dentro do Brasil, apenas podemos concluir que qualquer circunscrição a uma noção única de “Geração 80″ está fadada ao deslize. Aprendamos com esses artistas e que futuras pesquisas em curadoria e história da arte venham para seguir complexificando esse momento tão importante da produção de arte e imagem não só no Brasil, mas no mundo”, afirma o curador-chefe Raphael Fonseca.
Assim como na exposição, o Arquivo Fullgás conta com artistas visuais de todas as regiões do país, mostrando um amplo panorama das artes brasileiras na década de 1980, uma oportunidade única de ter acesso às memórias dos artistas que integram essa geração. Desta forma, já estão disponíveis depoimentos de artistas como Beatriz Milhazes (RJ), Sérgio Lucena (PB), Chico Machado (RS), Mauricio Castro (PE), Cristóvão Coutinho (AM), Gervane de Paula (MT), Rosângela Rennó (MG), Guache Marque (BA), Alice Vinagre (PB), Elder Rocha (GO), Goya Lopes (BA), Sergio Romagnolo (SP), entre muitos outros.
O Arquivo Fullgás começou a ser produzido em outubro de 2024, com o início da exposição no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro e seguirá com novos episódios até o final da exposição em Belo Horizonte, no dia 10 de novembro de 2025.
“Fullgás”, assim como a música de Marina Lima, deseja que o público tenha contato com uma geração que depositou muito de sua energia existencial não apenas no fazer arte, mas também em novos projetos de país e cidadania. Uma geração que, nesse percurso, foi da intensidade à consciência da efemeridade das coisas, da vida”, afirmam os curadores.
A exposição está dividida em cinco núcleos conceituais cujos nomes são músicas da década de 1980: “Que país é este” (1987), “Beat acelerado” (1985), “Diversões eletrônicas” (1980), “Pássaros na garganta” (1982) e “O tempo não para” (1988). A mostra aborda o período de forma ampla, entendendo que seus questionamentos e impulsos começaram e terminaram fora do marco temporal de dez anos que tradicionalmente constitui uma década. Desta forma, a exposição abrange o período entre 1978 e 1993, tendo como marcos o final do Ato Institucional 5 e o ano posterior ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. “Consideramos para a base de reflexões este arco de quinze anos e todas as suas mudanças estruturais e culturais para pensarmos o Brasil: do fim da ditadura militar ao retorno a uma democracia que, logo na sequência, lidará com o trauma de um impeachment”, contam os curadores, que selecionaram para a exposição obras de artistas cujas trajetórias começaram neste período.
Nas artes visuais, a Geração 80 ficou marcada pela icônica mostra “Como vai você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage, em 1984. A exposição no CCBB entende a importância deste evento, trazendo, inclusive, algumas obras que estiveram na mostra, mas ampliando a reflexão. “Queremos mostrar que diversos artistas de fora do eixo Rio-São Paulo também estavam produzindo na época e que outras coisas também aconteceram no mesmo período histórico, como, por exemplo, o ‘Videobrasil’, realizado um ano antes, que destacava a produção de jovens videoartistas do país”, ressaltam os curadores.
Além das obras de arte, a exposição traz, ainda, diversos elementos da cultura visual da década de 1980, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos, que fazem parte da formação desta geração. “Mais do que sobre artes visuais, é uma exposição sobre imagem e as obras de arte estão dialogando o tempo inteiro com essa cultura visual, por exemplo, se apropriado dos materiais produzidos pelas revistas, televisões, rádios, outdoors e elementos eletrônicos. Por isso, propomos incorporar esses dados, que quase são comentários na exposição, que vão dialogando com os elementos que estão nas obras de fato”, ressaltam Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo.

Serviço: Arquivo Fullgás
Instagram e Youtube @arquivo_fullgas
gratuito
Exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil”
Até 04 de agosto de 2025
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Horário: Todos os dias, das 9h às 20h (exceto às terças)
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP
Ingressos: Gratuitos em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB
INFORMAÇÕES CCBB SP:
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Contato: (11) 4297-0600 | E-mail: ccbbsp@bb.com.br
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).
O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.
Transporte público: O CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Entrada acessível CCBB SP: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Autora:
Beatriz Caillaux |