A Solidão Virou Epidemia — E Ainda Fingimos Que Não Vemos
Silêncio não é sempre sinônimo de paz.
Às vezes, é desespero engasgado. É o eco de um “oi” que não veio. É ausência demais em ambientes cheios de gente.
Estamos rodeados por conexões… mas com cada vez menos presença real.
A epidemia da solidão é silenciosa, mas devastadora. E o mais grave?
Ainda tratamos como se fosse “fase” ou “drama”.
No livro Diversa-IDADE, que escrevi com a Tatiana Gracia, dedicamos um capítulo inteiro à solidão como fenômeno contemporâneo — com dados, depoimentos e um alerta urgente: a solidão mata. E faz isso aos poucos.
Primeiro, apaga o entusiasmo.
Depois, enfraquece a memória.
Por fim, compromete o corpo.
Segundo a Fiocruz, o isolamento social aumenta em até 50% o risco de doenças cardíacas.
Outros estudos mostram que pessoas com vínculos sociais sólidos vivem mais, têm menos quadros de depressão, menos risco de Alzheimer e menos quedas.
Mas o que fazemos com essa informação?
Ignoramos.
Idosos são deixados em apartamentos minúsculos, vistos como fardos, esquecidos em datas comemorativas e nas conversas de WhatsApp.
Pedem companhia e recebem promessas vagas. Pedem visita e recebem silêncio.
E não pense que o pedido é por “mais tempo de vida”.
O que mais ouvimos dos maduros que entrevistamos foi:
“Eu só queria alguém pra conversar.”
A longevidade não é apenas biológica.
Ela é emocional, social, afetiva.
E se não vier acompanhada de conexão humana, ela deixa de ser benção e vira peso.
A solidão não é destino. É omissão coletiva.
E cada um de nós tem responsabilidade nisso.
📖 Em Diversa-IDADE, dizemos:
“A longevidade não é só física. É social, emocional e profundamente humana.”
Se não houver laço, há rompimento.
Se não houver escuta, há abandono.
E você? Quem está ao seu lado precisando de presença real — e não de mais uma curtida?
Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e especialista em longevidade, saúde emocional e empatia. Professor do Hospital Israelita Albert Einstein, coautor do livro Diversa-IDADE, atua na construção de narrativas e estratégias que combatem o etarismo, promovem conexão entre gerações e colocam o ser humano no centro das decisões.