Passeando com minha cachorrinha Jolie, pracinha em frente de casa, ouço algo pequeno chegando a galope.
- Ei, tio! Quer comprar?
Reconheci a filha do vizinho do lado, no máximo seis anos, que mostrava um pequeno pote.
- O que tem aí dentro?
Abriu e mostrou uma coisa verde.
- É geleca! Eu que fiz.
- Pra que serve?
- Você joga no vidro e ela gruda.
- Acho que não quero não.
- Por quê?
- Não gosto de brincar com geleca.
- Compra pra sua filha!
- Ela tá muito grande pra brincar com isso.
- Então compra pro seu neto!
- Também tá grande.
- Compra… essa geleca é da limpa!
- Como é isso?
- Você puxa ela do vidro, e ela sai inteira.
- Rum.
- Aproveita… tá na promoção: só dez reais!
- Qual é o preço normal?
- Onze.
Coço a cabeça, olho pra Jolie, ansiosa pra continuar o passeio…
- Então tá. Faz assim: toca a campainha lá em casa, entrega a geleca pra dona Neuci e diz que pedi pra te dar dez reais.
Ela sai em disparada e eu fico aguardando o momento em que Neuci vai aparecer na janela com olhar misto de desaprovação e riso.
Quando chegar em casa, faço pra ela uma explanação sobre as vantagens da geleca “da limpa”.
E vai ficar tudo bem.
Autor:
Juca Azevedo