O sol não brilha mais no meu coração. Depois que terminamos, tudo mudou de cor. O tempo se arrastou, pesado como as nuvens de um inverno sem fim, e até a luz se tornou rarefeita, tímida, como se temesse invadir o vazio que você deixou.
Foi um término sem explicação. Não por falta de amor — pois o sentimento ainda pulsava, inquieto, entre as paredes da nossa casa — mas por uma ausência silenciosa de diálogo, por palavras não ditas, por olhares desviados na pressa dos dias. Faltou compreensão, de mim, de você. Faltou aquele gesto simples de ouvir, aquele esforço delicado de tentar entender o outro, mesmo quando tudo parecia um labirinto de dúvidas.
Você, de repente, foi intempestiva. Juntou suas coisas e deixou nosso ninho mergulhado num vazio difícil de preencher. Cada canto, cada objeto, carregava agora um eco do que fomos — uma xícara esquecida, um livro aberto na página que você lia. Fiquei no escuro, não apenas pela ausência de luz, mas pela ausência do brilho do seu olhar, pela falta da tua voz preenchendo o silêncio das manhãs e das noites.
Nem mesmo o luar foi capaz de alegrar meu espírito. Era como se até a lua, testemunha das nossas confidências noturnas, tivesse se esquecido de mim. A tristeza me abateu com uma força inesperada, pesada, avassaladora, como uma tempestade que chega sem aviso. O sol fugiu do meu coração, deixando apenas a penumbra da saudade e o desejo de um recomeço impossível.
No entanto, em meio a esse eclipse íntimo, aprendi que o silêncio também fala, que a dor também ensina. E assim, mesmo sem explicação, carrego o que fomos como quem guarda uma fotografia antiga: desbotada pelo tempo, mas eterna no sentimento. O sol, talvez, um dia volte a aquecer meu peito. Por ora, restam-me as lembranças e a esperança tênue de um novo amanhecer.
Autor:
Jaeder Wiler