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quarta-feira, 11 de junho de 2025

Muito perto, muito longe

Certa tarde conheci um rapaz que cresceu nutrindo um amor que para ele era mais certo que o trânsito no horário de pico. Era ela seu eterno amor, ele sabia disso desde quando ele era criança. Desde criança, ele já sabia que ela não era só aquela menina que morava na sua rua e tinha o sorriso mais bonito do Universo. 

Tudo começou na calçada da rua deles, quando dividiram um chocolate, era o maior gesto de amor que ele conhecia. Os chocolates continuaram sendo divididos por muito tempo: ela sorria, agradecia e seguia sem perceber que com o chocolate ele estava entregando o seu amor. O tempo passou, se tornaram quase irmão, ela definitivamente desviou do amor dele como quem está apressado no centro da cidade, cresceram muito perto geograficamente, mas com corações distantes. Seguiram melhores amigos, seguiram lado a lado, mas nunca se encontraram na estação do amor.

Ele ficou ali, esperando ela chegar na estação do amor e encontrar com ele, mas todas às vezes que ela descia nessa estação, ele nunca foi visto como opção. E ele, entre uma crise existencial e outra, aprendeu que o amor verdadeiro não morre e que há pessoas inesquecíveis. Inesquecíveis, mesmo que ele tenha tentado esquecer, mesmo que de repente e misteriosamente ele tenha decidido se afastar dela. Ele nunca mais respondeu uma mensagem dela, mudou de cidade e a bloqueou nas redes sociais. Desapareceu para tentar viver. Sabia que não encontraria outro amor, mas queria sofrer menos.

Com a certeza de que o amor por ela era impossível de ser correspondido, preferiu desistir de quase 20 anos de amizade, na ilusão de que deixaria de sofrer, se ficasse longe. Mas, ainda dói e dói mais a cada dia. A dor cresce, o rapaz sofre, especialmente, quando ele volta para sua antiga cidade e passa no lugar favorito deles. Ali, o peito aperta, a garganta fecha e, por um segundo, parece que o tempo das alegrias voltou e ela aparecerá.

Como jamais se apaixonará por outra pessoa, ele deve tentar encontrar outros amores, afinal, a vida para ele não é sobre ter quem ama e, sim, sobre amar mesmo sem ter. A vida para ele é sobre seguir, mesmo de alma partida. É sobre tentar viver, mesmo que em sua vida falte o pedaço que ficou com ela.

Todas as manhãs, ele seguirá meio remendado, meio feliz e meio triste. Ele foi, mas ficou, muito longe, vivendo aquela paixão silenciosa e eterna. O amor para ele segue nas risadas com os amigos, no barulho da chuva batendo na janela, em ir para um restaurante legal, no cheiro da pipoca no cinema e em passear com o seu cachorro. Ele entendeu, por fim, que esse amor por ela, era um amor que não foi feito para viver a dois. 

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