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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

IOF, O VILÃO DE UM DIA, O REMÉDIO DE OUTRO

A crítica de Amanda Klein pode até gerar cliques, mas não resiste a uma simples aula de macroeconomia

A jornalista Amanda Klein recentemente classificou o IOF como uma “bomba atômica” que estaria sendo lançada na base governista. A metáfora é forte, mas perigosa. Não só distorce o papel do Imposto sobre Operações Financeiras, como obscurece o debate público sobre instrumentos legítimos de política econômica.

O IOF é um imposto regulatório, não arrecadatório. Serve para controlar o apetite por crédito, proteger a moeda, frear fugas de capital e ajustar desequilíbrios de curto prazo — especialmente em momentos de volatilidade cambial ou pressão inflacionária. No Brasil, já foi usado por governos de todos os espectros políticos, da esquerda à direita, como forma de modulação.

Reduzir o IOF a um ato político contra aliados é perder de vista a natureza técnica do tributo. Se há resistência dentro da base do governo, o problema talvez não esteja no IOF em si, mas na falta de comunicação clara sobre sua função — ou na dificuldade de aceitar que governar exige decisões impopulares para garantir estabilidade.

Criticar o governo é papel do jornalismo. Mas atribuir ao IOF um caráter explosivo é, no mínimo, uma hipérbole desnecessária. A “bomba” que Amanda vê pode ser, na prática, um extintor de incêndio em tempos de descontrole externo.

Por fim, vale lembrar: mais perigoso que um IOF pontual é um país refém do populismo econômico — aquele que prefere o aplauso fácil à responsabilidade fiscal.

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