Alerta: Estados Unidos atacam o Irã! Os jornais bradam em alta voz, berrando a fim de venderem manchetes. Isso vende, não é? É o dinheiro que move o mundo – não sendo diferente o mundo midiático. Urânio? O que é isso? Pouco importa, pois dá dinheiro. Não tem importância se é usado para guerra ou para usinas nucleares: o que importa é o vintém no bolso americano. Ler essas coisas me dá cansaço! Quero retornar aos tempos do Rubem Braga, dos Veríssimos e do Drummond. Essas notícias não ajudam o povo, apenas o enlouquece – fazendo com que ele fique cada vez mais insano e, talvez, faça uma revolução. Mas o que é isto – a revolução? Pouco se fala nos jornais a respeito dela. Sinto-me parte do povo: desesperado!
Paro e penso: sinto-me exausto de ler as manchetes que gritam para todos os cantos, dando para ouvir até na encosta de um mosteiro quieto, que não quer ser incomodado, o ataque dos Estados Unidos ao Irã. Isso não mata fome e não dá dinheiro no bolso da gente. Mas dá no bolso dos americanos, correto? Não sei e não ligo, pois não me importo com isso, querendo apenas escrever minhas crônicas e ser lido. É tão difícil escrever no Brasil, pois a população lê pouco. Na verdade, ela é leitora, mas não funcional. Analfabetos funcionais. A educação foi esquecida e os noticiários sensacionalistas fazem suas vozes ecoarem pelo país – como numa caverna cheia de morcegos que se desesperam e fogem assustados. O povo é leitor – confesso que exagerei. Mas é uma espécie de leitura superficial como um pires – que só dá para colocar uma xícara de café da tarde, quente e recém-passado, como as manchetes que a mídia joga no ar e o povo consome sem saborear.
Voltemos, portanto, à guerra. Não vou deixar vocês perdidos em meio às minhas manias filosóficas, pois creio que o leitor não gosta. E a guerra mundial? Será a terceira? Pode ser que sim, pode ser que não haja nada demais e tudo volte ao normal. É o que esperamos. A aflição do estouro das bombas, dos aviões pairando a pequena igreja – que serve como ponto de observação e os soldados se escondem do tiroteio, com a munição voando para todos os lados, acertando alguns e os ferindo, acertando outros que deixam este mundo: crianças, mulheres, homens, soldados, civis e tudo o que passa pelo caminho da bala do fuzil e do canhão. É o medo! A Era do Medo! O Grande Medo, mas não mais na França do século XVIII: agora é no mundo todo. E não é de uma Revolução Mundial do Povo, mas de uma Nova Hiroshima, cuja rosa não mais florescerá. Vinicius de Moraes, sinto muito, mas essa planta não mais crescerá se estourar uma guerra nuclear. Também ao Drummond peço perdão, porque a Rosa do Povo não mais sairá da terra.
Caro leitor, sei que tudo isso que escrevo parece desconexo e muito chato. No entanto, sou apenas um escritor tentando ganhar a vida com esse ofício que paga pouco, às vezes nem dá nada. Pode chamar o texto de irrelevante, mas é complicado que sejamos lidos no Brasil. Meu Brasil brasileiro, que pouco se importa com a Terceira Guerra Mundial, com os Estados Unidos atacando o Irã e com o futuro. Ouça-me: há mais coisas entre o céu e a Terra do que sonha nossa vã filosofia. A minha, aqui escrita, nem sonha com essas coisas: apenas em ser lido, em primeiro lugar, e esquecer o brado midiático da Grande Guerra. Não quero Guerra com Ninguém! Já temos (eu e o povo) uma batalha diária: eu, interna; o povo, a externa de todos os dias.
Amei seu texto, excelente!!
Obrigado, amor!