O tempo é como o vento, soprado incessantemente, marcando sulcos na pele e histórias na alma. Mas será ele o verdadeiro culpado por tantos olhares tortos que se lançam sobre aqueles que carregam nos cabelos “o prata” da sabedoria? É o tempo que envelhece, ou a sociedade que estigmatiza?
Velho, idoso, ancião – palavras que deveriam ser coroas de honra, mas que, muitas vezes, vêm carregadas de preconceito e rejeição. Não é a idade que pesa, mas o julgamento que a acompanha. “Velho” é o próximo a ser descartado. “Idoso” soa como um rótulo polido, mas nem por isso menos excludente.
No coletivo, a jovem oferece o assento, mas o olhar não é de respeito; é de surpresa, por vezes misturado a uma estranha condescendência. Nas filas, o privilégio das prioridades vem mais como um lembrete de que o tempo passou do que como um reconhecimento de tudo o que foi vivido.
As rugas, essas linhas desenhadas pela vida, são vistas como imperfeições, quando na verdade são mapas de batalhas vencidas, de risos compartilhados, de lágrimas que ensinaram. Será que o brilho no olhar, tão carregado de histórias, é invisível para quem só vê a embalagem e ignora o conteúdo?
E, enquanto o mundo exterior nos mede pela elasticidade da pele ou pela cor dos cabelos, esquecemos que o verdadeiro vigor não reside no corpo, mas no espírito. Apesar do desprezo, do desvalor, há algo que nunca se apaga: a vivacidade que pulsa por trás das marcas do tempo.
Eu sou mais que o que você vê. Sou memórias, sou sonhos, sou ainda aprendiz. Carrego em mim não o peso dos anos, mas a leveza de saber que viver é mais que contar o tempo – é preenchê-lo.
E, se o mundo exterior insiste em não me aceitar ou valorizar, que seja. Há um universo inteiro em mim onde a idade é irrelevante, e a vida é celebrada em cada pensamento, em cada pulsar.
Afinal, o que é o tempo, senão uma invenção humana? Quando vivemos com o coração, somos eternamente jovens.