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sexta-feira, 2 de maio de 2025

Quando a mente corre e o corpo estanca

E, de repente, Ana sente que tudo se paralisa.

É como se ela estivesse sendo impedida de ir para a próxima fase e não consegue enxergar o meio de engatar a próxima marcha para seguir adiante.

Atordoada, percebe que os pensamentos não cessam; a cabeça, freneticamente trabalha contra o corpo e este não consegue corresponder aos anseios da mente dela. Enquanto os seus pensamentos são muito rápidos, a execução de qualquer tarefa é lenta e, de repente,ela sente que tudo pára novamente.

Por mais que ela envie mensagens para o seu cérebro dizendo que é preciso executar alguma ação, o corpo dela padece fazendo com que permaneça no mesmo lugar.

O que ela acha mais curioso disso tudo, é que a avalanche de pensamentos não contribuem necessariamente para a execução de qualquer tarefa, pelo contrário; a impressão que ela tem é que cada vez que os pensamentos estão violentamente mais rápidos, mais lenta é a execução de qualquer atividade.

Se acomodando na cama, seu corpo responde à inatividade com muita dor. As dores lancinantes do fio de cabelo ao dedo mindinho do pé, somados aos pensamentos acelerados, não a deixam dormir.

Fitando o teto, Ana sente falta de colocar a cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos. Isso, para ela, hoje, é uma utopia.

Por mais que ela busque forças dentro dela, procurando uma forma de canalizar as emoções e organizar os pensamentos, tudo é muito mais difícil de lidar. E aí vem a paralisação novamente.

Chorando por dentro, algumas vezes as lágrimas descongestionam o trânsito interno, deixando fluir uma tarefa qualquer, mas cessa novamente quando ela tenta realizar uma outra atividade. É como se ela tivesse uma única chance a cada dia de realizar apenas uma tarefa, nada mais que isso.

Seu corpo quer agir, quer ir, quer fazer, quer executar, mas, o que lhe resta é aguardar o tempo certo do cérebro se comunicar com seu corpo para que possa dar o próximo passo.

Enquanto isso, o tempo é seu melhor conselheiro. Intimamente ela diz a si mesma para manter a calma, que tudo vai se ajustar no tempo certo, mas, seu cérebro urge para que as providências sejam tomadas, que haja resultado, que ela execute o que ele está mandando e o corpo dela não reage.

Algumas vezes a paralisia dela está atrelada ao fato de depender de respostas de outrém, mas, na maioria das vezes, depende única e exclusivamente dela. Pensando nisso, ela olha para o horizonte e roga aos seus ancestrais que tenha piedade dela para que ela possa sair da inatividade e ter domínio do seu corpo e mente.

A paralisia chega novamente e, com ela, o sofrimento e sensação de impotência chegam juntos e ali permanece e ela não tem outra alternativa a não ser esperar pelo próximo dia para realizar uma tarefa novamente.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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