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sábado, 28 de junho de 2025

Procedimentos estéticos em adolescentes crescem 40% no Brasil e preocupam médicos

Nos últimos dois anos, o número de adolescentes brasileiros entre 13 e 17 anos que buscam procedimentos estéticos, como harmonização facial, preenchimento labial e aplicação de botox, cresceu cerca de 40%, segundo dados de clínicas dermatológicas e pesquisas do setor de estética. Esse aumento expressivo vem acompanhando uma tendência global de jovens cada vez mais preocupados com a aparência, influenciados principalmente pelas redes sociais, influenciadores digitais e os padrões de beleza muitas vezes irreais que circulam na internet.

O fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas preocupa especialmente profissionais da saúde no país devido aos riscos físicos e emocionais associados a esses procedimentos em corpos ainda em desenvolvimento. Do ponto de vista físico, especialistas alertam para possíveis complicações como alergias, infecções, deformidades permanentes e reações adversas a substâncias aplicadas. Além disso, o organismo do adolescente ainda está em processo de formação, o que pode aumentar os riscos e diminuir a previsibilidade dos resultados.

Na esfera psicológica, o impacto também é significativo. Segundo psicólogos, a pressão estética e a busca pela perfeição corporal podem contribuir para quadros de baixa autoestima, ansiedade, depressão e transtornos alimentares. Muitos jovens optam por intervenções estéticas para tentar se adequar a um padrão que enxergam nas redes sociais, mas acabam enfrentando frustrações e expectativas irreais sobre o que a mudança física pode proporcionar.

A preocupação dos especialistas é que esse movimento seja impulsionado mais por influências externas e culturais do que por uma decisão consciente e informada. Por isso, recomendam que pais, responsáveis e os próprios adolescentes busquem orientação médica e psicológica antes de qualquer procedimento. O acompanhamento multidisciplinar é fundamental para avaliar se a intervenção é realmente indicada e para garantir que o adolescente tenha suporte para lidar com as mudanças e suas consequências.

Em termos legais e éticos, órgãos como o Conselho Federal de Medicina orientam que procedimentos estéticos invasivos em menores de idade devem ser avaliados com rigor e realizados somente em casos específicos, com autorização dos responsáveis e, idealmente, com o suporte de uma equipe multidisciplinar. Muitos profissionais ressaltam que o foco da atenção deve ser sempre o bem-estar e a saúde integral do paciente jovem, e não apenas a estética.

Este cenário tem levado a debates mais amplos sobre a influência da mídia, da publicidade e da cultura digital na construção da autoimagem dos jovens. Movimentos sociais e campanhas educativas buscam promover a valorização da diversidade corporal, a aceitação das características individuais e a promoção da saúde mental como formas de prevenir os impactos negativos dessa pressão estética.

À medida que o mercado de estética para adolescentes cresce, também aumenta a necessidade de regulamentações e políticas públicas que protejam esse grupo vulnerável, garantindo acesso à informação correta e a um atendimento responsável e ético.

Gabriella Guerra
Gabriella Guerra
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