Após encher os corredores do Senado Federal, em Brasília, a influenciadora Virgínia Fonseca, com quase 54 milhões de seguidores no Instagram, apareceu para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as bets. Suas falas e vestimentas logo foram comentadas na web, o que gerou diversas especulações e análises.
A influenciadora foi chamada pela CPI, responsável por investigar as movimentações das apostas on-line, como testemunha para prestar depoimento após divulgar bets nas redes sociais. Porém, ao entrar usando um moletom com o rosto da filha, Maria Flor, bastante querida na internet e se posicionar de maneira infantil em suas falas, o público sugeriu que foi uma escolha proposital.
Além do moletom, inapropriado para a ocasião, Virgínia levou consigo um copo modelo Stanley rosa, com a logo de sua empresa, objeto bastante comum e familiar para seus seguidores, o que faz com que ela se comunique com essas pessoas. Segundo comentários de analistas nas redes sociais, todos os elementos tornam dela o famoso ‘gente como a gente’ para sensibilizar o público.
A especialista em imagem e comunicação, Gabriella Vivere, confirma a teoria e aponta que a estratégia usada foi a mais conhecida como “marketing do caos” ressalta a disparidade da essência demonstrada pela influencer nas redes sociais da escolha do look para um depoimento respeitável. “Essa estratégia é usada há bastante tempo. Basicamente se trata de pegar uma situação ruim, disfarçar para outra perspectiva e lançar uma novidade em cima disso, como uma cortina de fumaça. Tanto que após o depoimento a influenciadora lança uma promoção dos produtos de sua marca. Assim, ela utilizou de todos os recursos visuais para transparecer uma imagem específica e pensada de inocência, descomprometimento com a acusação, alguém familiar que jamais faria mal a ninguém de propósito. Tudo, propositalmente”.
E não parou por aí. Não só a vestimenta foi criticada, como apontaram algumas falas infantilizadas em tom de brincadeira e ironia, interpretadas como um desrespeito aos senadores presentes. “Podemos ver em diversos casos de famosos ou pessoas públicas que precisam gerir crises, entre outras coisas. De todo o modo, tudo foi bastante pensado e essa repercussão vai para além do Senado. Ela atinge as redes sociais, o que resulta em um aumento de seguidores e engajamento da influenciadora”, explica Gabriella.