Nos últimos anos, a publicidade das plataformas de apostas, mais conhecidas como “bets”, invadiu os diversos meios de comunicação: uniformes esportivos, anúncios em redes sociais e até a fala de alguns influenciadores. A promessa é sempre a mesma: uma forma de ganhar dinheiro rápida e facilmente. No entanto, por trás de jingles animados e rostos sorridentes, há uma realidade preocupante que precisa ser questionada. A normalização das apostas como forma de entretenimento levanta sérias questões e, na minha opinião, a propaganda dessas plataformas deveria ser proibida.
Uma pesquisa feita pelo DataSenado, em 2024, mostrou que mais de 22 milhões de brasileiros apostaram nos últimos 30 dias, e 15% dos entrevistados afirmaram ter deixado de pagar contas essenciais para apostar. Esses dados mostram que o público mais afetado são homens de baixa renda, em sua maioria em situação de vulnerabilidade, que enxergam nas apostas uma saída financeira, e acabam perdendo tudo.
De acordo com um estudo realizado em 2024 pela CNDL e SPC Brasil, mais de R$ 6 bilhões foram movimentados por mês no setor. A dúvida que fica é: para onde esse dinheiro está indo, se a grande maioria está perdendo? A publicidade das bets gera grandes ilusões, especialmente quando feita por influenciadores que ostentam uma vida de luxo.
Em 2024, diversos casos vieram à tona no Brasil envolvendo pessoas que cometeram crimes financeiros, como fraudes e desvio de dinheiro, para continuar apostando em plataformas bets. Muitos relataram que começaram com valores pequenos, mas acabaram se endividando e agindo de forma desesperada para tentar recuperar as perdas. Esse tipo de situação revela o poder destrutivo dessas apostas e o quanto suas propagandas, muitas vezes glamourosas, são perigosamente enganosas.
Apesar do argumento da liberdade individual, os vícios não são escolhas conscientes. A publicidade manipula e explora fragilidades. Esperar que todos resistam ao bombardeio de anúncios é ilusório. Assim como ocorre com o cigarro e o álcool, os anúncios de jogos de aposta devem ser proibidos. Não basta apenas regular: é preciso proibir qualquer conteúdo que iluda, destrua e vicie.