Segundo pesquisa do Escolas pelo clima apresentada na Bett Brasil 2025, crianças e jovens são os mais engajados com o tema ambiental. A relação entre educação e a agenda ESG também entraram na pauta do segundo dia de evento
A agenda ESG na Educação ganhou destaque no segundo dia da Bett Brasil 2025, o principal encontro do ecossistema educacional da América Latina, que acontece em São Paulo até o dia 01 de maio.
O painel expositivo “Do local ao global: Educação e ESG como estratégias para um mundo sustentável” trouxe uma reflexão sobre o papel da educação diante das emergências climáticas e das transformações ambientais que desafiam o planeta. Conduzida por Thaís Brianezi, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e membro do Comitê Consultivo da Secretaria Especial de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo (SECLIMA), e Edson Grandisoli, diretor educacional do Movimento Escolas pelo Clima, a palestra destacou dados, iniciativas e estratégias que conectam escolas, políticas públicas e o setor privado à agenda climática global.
Thaís compartilhou detalhes de um projeto de pesquisa da Fapesp que investiga o papel da comunicação no impacto da educação ambiental e climática. A iniciativa, que começou em fevereiro de 2024 e deve prosseguir até 2026, está estruturada em quatro pilares: construção de uma agenda de políticas públicas, banco de dados colaborativos, formação de educadores e monitoramento contínuo.
Um dos destaques da iniciativa foi a formação experimental de professores de 35 escolas da rede municipal de São Paulo, com participação de 12 Diretorias Regionais de Ensino (DREs). “O objetivo foi elaborar um plano de ação climática com as escolas participantes, que agora poderá ganhar escala por meio de uma plataforma de educação a distância no AVAMEC, ambiente virtual do Ministério da Educação”, revelou Thaís.
Para acompanhar os resultados, o projeto conta com a plataforma MonitoraEA, um sistema de avaliação contínua voltado às escolas públicas. Thaís alertou que, embora exista um avanço nas iniciativas, o reconhecimento da importância da educação ambiental ainda é baixo. “Há um distanciamento histórico sobre o tema. Precisamos avançar nessa questão”.
Agravamento da crise climática
O professor e pesquisador Edson Grandisoli trouxe à discussão o agravamento da crise climática, reforçando que o termo “emergência climática” é cada vez mais necessário para descrever a intensidade e urgência da situação atual. Ele apresentou dados alarmantes: se toda a população mundial adotasse os hábitos de consumo dos norte-americanos, seriam necessários cinco planetas Terra para sustentar esse modelo de vida; no caso dos brasileiros, seriam necessários dois. Além disso, Grandisoli destacou que em 2023 a humanidade ultrapassou seis dos nove limites planetários, incluindo a integridade da biosfera, mudanças no uso do solo e o ciclo da água doce.
Juventude engajada
Grandisoli também compartilhou resultados animadores da Pesquisa Nacional sobre Mudanças Climáticas, organizada pelo Movimento Escolas pelo Clima e pela Reconectta, focada na percepção de crianças, jovens e adultos sobre as mudanças climáticas. O estudo revelou que a faixa etária de 7 a 14 anos representa o público mais engajado com a pauta. Confira os dados:
De acordo com o levantamento, a preocupação com as mudanças climáticas aumenta conforme a idade. Enquanto 73,4% das crianças de 7 a 14 anos se dizem preocupadas ou muito preocupadas com o tema, esse número sobe para 86,1% entre jovens de 15 a 29 anos e atinge 96,9% entre adultos com 30 anos ou mais.
Com relação à percepção da capacidade de agir, as crianças (7 a 14 anos) e adultos (30 anos ou mais) se percebem mais capazes de agir contra a mudança climática do que os jovens de 15 a 29 anos. Também sobre o grau de otimismo, são os mais jovens – de 7 a 14 anos – os mais otimistas sobre o futuro em relação às emergências climáticas.
“Quando analisados de forma conjunta, essa faixa dos 7 aos 14 anos é a que soma mais qualidades para encampar ações de ativismo climático, especialmente mulheres. Temos um público interessado nessa pauta, e precisamos aproveitar isso”, destacou.
Papel das instituições e o futuro do planeta
Para discutir sustentabilidade, governança e o papel das instituições no futuro do planeta, um painel reuniu o vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, Ewerton Fulini, e a diretora de Relações Institucionais, Governamentais e Sustentabilidade do Grupo Marista, Carmen Murara.
Fulini ressaltou que, embora a pauta ESG esteja normalmente associada ao mundo corporativo, ela também tem grande relevância no contexto educacional. “A Educação entra como a raiz dessa árvore chamada ESG e é o ponto de partida desse conceito, pois é por meio dela que as crianças aprendem habilidades comportamentais e seguem os exemplos dos educadores.”
Para o vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, é essencial que as escolas revisem o que estão fazendo em seu ambiente. “Quais são as práticas que as escolas adotam? Como desenvolver competências nos alunos para que cuidem de si mesmos, dos outros e promovam ações eficazes para diminuir as desigualdades? E que essas ações não considerem apenas o século XX, mas também os próximos”, afirma Fulini.
Já Carmen reforçou que, na Educação, existem dois grandes compromissos quando o assunto é ESG: os alunos e o produto de ensino comercializado.
“Temos que pensar nos jovens que estão nas escolas e universidades. Quem são esses futuros cidadãos que estamos formando? Essa é uma grande responsabilidade. Esse é o nosso público prioritário. Também não podemos esquecer do segundo compromisso fundamental: a maneira como comercializamos o produto de ensino. Por exemplo, os livros são sustentáveis? Isso precisa ser um valor dentro das instituições para engajarmos alunos, stakeholders e toda a comunidade escolar. Todos precisam se envolver nessa pauta. É assim que ela começa, e é preciso darmos o exemplo. E se você acredita nisso como valor educacional, é mais fácil transmitir esse princípio para todos”, complementa Carmen.
Semana Bett Brasil
A Bett Brasil segue até o dia 1 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo, com intensa programação de palestras, workshops, rodadas de negócios, exposição com mais de 330 marcas participantes e muitas experiências imersivas no ecossistema educacional.
Serviço:
Bett Brasil – 30ª edição
Data: de 28 de abril a 1º de maio de 2025
Local: Expo Center Norte.
Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – São Paulo/SP.
Mais informações: https://brasil.bettshow.com/































Sobre a Bett Brasil
A Bett Brasil é o maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina. Parte da série global Bett Show da Hyve Group, uma das líderes mundiais na realização de eventos considerados referência de mercado. A Bett visa inspirar, discutir o futuro do segmento e o papel da tecnologia e da inovação na formação de educadores e alunos.
Sobre a Hyve Group
A Hyve Group foi criada em 1991 e hoje é uma das líderes mundiais na organização de exposições, conferências e eventos internacionais. A principal visão estratégica da Hyve Group é criar o portfólio mundial de eventos alicerçados em conteúdo de qualidade, proporcionando uma excelente experiência e ROI (retorno sobre o investimento) para seus clientes. A Hyve se esforça para realizar e oferecer os melhores serviços aos clientes em todo mundo, independentemente da localização. Colocando expositores e visitantes como principal foco, e impulsionando o crescimento sustentável de seus investidores.
Autor:
Ricardo Berlitz