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terça-feira, 29 de abril de 2025

Sonhei com Clarisse

Acordei assustado de novo. Daquele jeito que a gente acorda quando sonha que está caindo de um prédio. O corpo deu um salto e caiu novamente na cama. Estava muito escuro, só um amarelado que vinha da luz do poste lá fora interrompia um pouco a escuridão. Olhei para o lado, no relógio já era madrugada. A manhã estava distante. Amanhã estava distante.
Virei para um lado e para o outro da cama por incontáveis vezes, mas não consegui pegar no sono novamente. Fiquei pensando na vida, na passada e na presente. Pensei principalmente nela. Sim, nela! Sonhei com ela novamente. Nunca a esqueci. Nunca! Quase uma vida juntos, mesmo estando separados. Tínhamos, e continuamos tendo, uma relação muito íntima, do “de dentro” dela para o meu “de dentro”. Muito de mim é ela. Mas do meu jeito. Às vezes acho que, na verdade, sou eu mesmo, mas do jeito dela.
Quis ir à cozinha tomar um café. Era requentado, mas iria servir. Não consegui me levantar. Meu corpo não respondia. Toda vez que sonho com ela é a mesma coisa. Fico estático, imóvel. Engessado. Mas a cabeça a mil. Fervilhando de ideias, sem ter como tirá-las de lá. Se conseguisse me mexer, pegaria uma caneta e pronto. Com muito custo e suor frio consigo. A caneta funciona como um canudo com o qual eu sugo minha mente. O volume é tão grande que me engasgo, tenho uma crise de tosse e regurgito um pedaço dela.

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