Evite sobrecargas e garanta segurança elétrica com uma instalação bem planejada
Quando o assunto é projeto elétrico, muitas dúvidas surgem na fase de execução. Uma das mais comuns envolve a quantidade de tomadas que podem ser instaladas em um único circuito sem comprometer a segurança ou causar problemas futuros. Embora o tema pareça técnico demais, entender esse ponto é importante tanto para quem constrói quanto para quem reforma.
Afinal, uma instalação mal distribuída pode gerar aquecimento nos fios, quedas de energia e até curtos-circuitos. Para evitar esses riscos, é necessário observar normas técnicas, considerar a potência dos equipamentos ligados e respeitar a capacidade dos condutores — tudo isso com base em um planejamento claro, incluindo o uso da tabela de eletroduto para definir corretamente os conduítes.
O que define a quantidade de tomadas por circuito
A primeira informação importante é que não existe um número fixo de tomadas por circuito aplicável a qualquer situação. O que define essa quantidade é a carga total que será utilizada naquele trecho da instalação. Segundo a NBR 5410, norma brasileira que rege as instalações elétricas de baixa tensão, é necessário considerar a potência total dos equipamentos que serão conectados às tomadas.
Por exemplo, se você tem um circuito com capacidade para 1000 VA e pretende instalar cinco tomadas para uso leve (como carregar celular ou ligar uma luminária), provavelmente não terá problemas. Mas, se esse mesmo circuito for usado para ligar um micro-ondas, uma cafeteira e um forno elétrico, será preciso repensar o dimensionamento.
H3 – A potência influencia diretamente o número de pontos
A norma estabelece que, em áreas residenciais, a cada 5 m de perímetro deve-se instalar uma tomada. Para áreas molhadas, como cozinha e lavanderia, a exigência é ainda maior. Porém, mais do que a quantidade física de tomadas, o que deve ser analisado é a carga que cada uma delas receberá. Uma tomada que alimenta um ar-condicionado de 2000 W não pode compartilhar o mesmo circuito com outras de uso geral.
Nesse caso, o ideal é separar circuitos por função e carga. Um para os eletrodomésticos pesados, outro para tomadas de uso leve e, se possível, ainda dividir por ambientes. Isso facilita a manutenção, evita quedas de disjuntor e permite um controle mais preciso do consumo de energia.
Como calcular a carga de um circuito de tomadas
Para fazer esse cálculo, é necessário identificar a potência de todos os aparelhos que serão ligados às tomadas daquele circuito. Somando os valores em watts e dividindo por 220 V (ou 127 V, dependendo da sua rede), você obtém a corrente elétrica que será exigida.
Com esse número em mãos, é possível dimensionar corretamente o fio a ser usado e verificar qual disjuntor atende à demanda. Esse processo também influencia na definição do diâmetro do eletroduto, já que o espaço interno precisa comportar os cabos sem aquecimento ou dificuldade de passagem — o que nos leva à importância da tabela de eletroduto.
Por que a tabela de eletroduto deve ser consultada
A tabela de eletroduto serve como referência técnica para indicar o diâmetro mínimo dos conduítes de acordo com a quantidade e o tipo de cabos que passarão por dentro. Ela garante que os fios tenham espaço suficiente para dissipar calor, facilitando futuras manutenções e evitando superaquecimento.
Usar um eletroduto com diâmetro inferior ao necessário pode parecer uma economia à primeira vista, mas se torna um grande problema na prática. A instalação fica mais difícil, o calor se acumula, os cabos podem se deteriorar com o tempo e, em muitos casos, é impossível substituir ou adicionar fios sem quebrar a parede.
Disjuntores: o limite prático do circuito
Outro ponto importante ao decidir quantas tomadas ligar em um circuito é a capacidade do disjuntor. Ele atua como um limitador de carga e deve ser dimensionado de acordo com os fios e a demanda de energia. Em circuitos com várias tomadas, é comum utilizar disjuntores de 15 A ou 20 A, dependendo da tensão e da carga estimada.
Ultrapassar esse limite faz com que o disjuntor desarme com frequência, um sinal claro de que o circuito está sobrecarregado. Essa sobrecarga, mesmo que não cause curto-circuito imediato, compromete a vida útil dos fios e aumenta o risco de falhas na rede elétrica.
Evite improvisos: tudo começa com o projeto
Para não depender de achismos na hora de distribuir tomadas, a melhor solução é contar com um projeto elétrico bem elaborado. Ele considera o número de equipamentos, a potência necessária, a distribuição de circuitos e os materiais adequados para cada trecho da instalação.
Esse projeto também leva em conta normas técnicas como a NBR 5410, utiliza a tabela de eletroduto na escolha dos conduítes e define pontos de distribuição, quadros e disjuntores com base na realidade do imóvel e nos hábitos de uso de seus moradores.
A longo prazo, a organização compensa
Instalar todas as tomadas de uma casa em poucos circuitos pode parecer mais simples, mas a conta chega cedo ou tarde. Os sintomas vão desde o superaquecimento até quedas constantes de energia. Em alguns casos, o uso prolongado de réguas ou adaptadores improvisados pode até gerar risco de incêndio.
Separar circuitos por ambiente ou tipo de carga, dimensionar corretamente cada componente e seguir referências como a tabela de eletroduto são práticas que fazem toda a diferença na segurança e na durabilidade da instalação.
A eletricidade não perdoa improviso. E quando se trata da rede elétrica da sua casa, o que parece excesso de cuidado hoje vira tranquilidade amanhã.
Autor:
Henrique Morgani