Em meio a tantas datas comemorativas e feriados, é alarmante constatar que muitos brasileiros não sabem responder a uma pergunta simples: qual é o dia do descobrimento do Brasil? A resposta correta — 22 de abril de 1500 — costuma passar despercebida até mesmo nas escolas. Esse esquecimento, mais do que uma falha de memória, revela uma desconexão profunda entre o país e sua própria história.
Não se trata aqui de exaltar o “descobrimento”, mas a história de um povo heroico, bravo e retumbante. A data tem valor histórico, em que o sol brilhou e nasceu uma pátria amada, pois marca o ponto de partida de uma transformação que moldou o Brasil como o conhecemos hoje. Ignorar esse marco é também ignorar parte de nossa identidade coletiva.
A falta de conhecimento sobre a própria história fragiliza qualquer nação. Um povo que não conhece suas origens dificilmente entende o presente e quase nunca está preparado para lutar por um futuro melhor. É nesse vazio de consciência histórica que se instalam narrativas distorcidas, revisionismos perigosos e uma perigosa apatia cívica.
Esse afastamento não se explica apenas pela precariedade da educação. Ele é também resultado de uma política crônica de desvalorização da cultura. Conhecimento dá poder, e poder assusta quem prefere um povo silencioso. Mas um país que se cala diante do próprio passado, que desconhece a sua história, acaba mudo também diante das injustiças do presente.
Saber o dia do descobrimento do Brasil não é só uma questão de lembrar datas. É o primeiro passo para reconhecer as contradições da nossa história, debater os caminhos que percorremos e decidir, coletivamente, que país é esse, que país ainda queremos construir. Enquanto isso não acontece, seguimos sendo uma nação em eterno quase crescimento, que caminha no escuro, sem saber ao certo de onde veio — e, pior, sem saber para onde vai. Dessa forma vamos vivendo sem memória. Que país é esse, que país é esse.
Autora:
Sonele Fábia Silva dos Santos