A presença feminina na tecnologia sempre existiu, mas foi historicamente apagada ou minimizada. Nos primórdios da computação, nomes como Ada Lovelace, que criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, as programadoras do ENIAC, que desenvolveram as bases da programação moderna, e Hedy Lamarr, cuja invenção serviu de base para tecnologias como Wi-Fi e Bluetooth, são apenas alguns exemplos de como as mulheres foram fundamentais para o avanço da tecnologia. No entanto, com o tempo, a área foi sendo associada ao universo masculino, dificultando a entrada e a permanência de mulheres.
O conceito de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) vem sendo promovido como uma forma de incentivar a participação de mulheres nessas áreas. No entanto, ainda há uma grande desigualdade de gênero nesses campos, refletindo um problema estrutural que começa na educação e se estende ao mercado de trabalho.
Durante grande parte do século XX, o mercado de trabalho na computação era mais receptivo às mulheres. Nos anos 1960 e 1970, muitas delas atuavam na programação, visto que essa função era considerada um trabalho meticuloso e “simples”, quase uma extensão do trabalho doméstico. No entanto, com a valorização da tecnologia e a ascensão do status da computação, os homens passaram a ocupar predominantemente esses espaços, resultando na exclusão progressiva das mulheres.
Atualmente, as estatísticas ainda refletem essa desigualdade. Segundo dados da UNESCO, menos de 35% dos estudantes de cursos relacionados à tecnologia e engenharia são mulheres. Esses números demonstram não apenas a baixa representatividade, mas também os desafios que elas enfrentam desde a escolha da profissão até sua ascensão no mercado de trabalho.

O preconceito estrutural é um dos principais obstáculos para as mulheres na tecnologia. Desde cedo, as meninas enfrentam barreiras que desencorajam sua escolha por carreiras nesse campo, seja pela falta de modelos femininos ou pela cultura que associa a tecnologia a um universo masculino. No ambiente acadêmico e profissional, enfrentam discriminação, menores oportunidades de promoção e, em muitos casos, assédio. Além disso, há uma desvalorização sistemática de suas habilidades, o que as leva a precisarem provar constantemente sua competência. Além disso, muitas vezes, mesmo possuindo mais estudo, conhecimento e experiência, as mulheres perdem vagas para homens devido ao preconceito estrutural enraizado no mercado de trabalho.
Embora os desafios persistam, progressos vêm sendo alcançados. Empresas e iniciativas têm buscado incentivar a participação feminina na tecnologia e nas áreas STEM, promovendo programas de mentoria, políticas de inclusão e visibilidade para mulheres. Movimentos como o Mulheres na Computação, Black Girls Code e Reprograma têm desempenhado um papel fundamental na transformação desse cenário.
Para que haja progresso real, é fundamental uma transformação estrutural. É necessário que a sociedade, empresas e instituições educacionais trabalhem juntas para garantir um ambiente mais inclusivo e equitativo. Mulheres sempre fizeram parte da tecnologia e das áreas STEM e continuarão a fazer, mas cabe a todos garantir que elas tenham o reconhecimento e as oportunidades que merecem.