O aumento das vendas de veículos seminovos no Brasil tem repercussões diretas no setor de reposição automotiva, impactando diferentes segmentos como autopeças, manutenção e lubrificação. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o mercado de veículos usados e seminovos movimentou 9,9 milhões de unidades em 2024, um crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior. Esse cenário reforça a importância da manutenção preventiva, da disponibilidade de peças e da escolha adequada de lubrificantes para garantir o bom funcionamento e a longevidade dos motores.
Com a expansão da frota de veículos seminovos, a demanda por peças e serviços de manutenção tende, inevitavelmente, a crescer. Um estudo da consultoria McKinsey & Company apontou que o mercado de autopeças brasileiro pode dobrar de tamanho nos próximos 15 anos. Segundo o relatório, o mercado, atualmente avaliado em aproximadamente US$ 13 bilhões, tem potencial para alcançar US$ 25 bilhões até 2040, impulsionado pelo envelhecimento da frota e pelo aumento da complexidade dos sistemas automotivos. Esse crescimento exige que o setor de reposição esteja preparado para atender às necessidades de manutenção, garantindo a disponibilidade de componentes e mão de obra qualificada.
Além da crescente necessidade de peças de reposição, os veículos seminovos demandam atenção redobrada em componentes como freios, suspensão e sistemas eletrônicos. O maior tempo de uso e a necessidade de revisões mais frequentes fazem com que oficinas e distribuidores ampliem seus estoques e diversifiquem suas opções para atender a um portfólio de veículos cada vez mais amplo. A capacitação técnica dos profissionais do setor também se torna essencial para lidar com novas tecnologias e padrões de manutenção.
O papel da lubrificação na manutenção de seminovos
Motores de veículos seminovos, dependendo de sua quilometragem e histórico de manutenção, podem exigir de lubrificantes de melhor performance e desempenho para compensar desgastes internos e garantir a eficiência necessária. O uso contínuo de lubrificantes de qualidade superior pode reduzir atritos internos, minimizar depósitos de carbono e melhorar a eficiência energética, resultando em menor desgaste e maior economia de combustível a longo prazo.
Há uma tendência equivocada entre parte dos proprietários de veículos mais antigos em buscar produtos de menor custo, sem considerar os impactos dessa escolha na durabilidade do motor. Mas, a escolha inadequada pode comprometer o desempenho do motor, aumentar o consumo de combustível e reduzir a vida útil dos componentes, aumentando significativamente os custos de manutenção ao longo dos anos.
Preparação do mercado para a nova realidade
Para acompanhar essa tendência, as oficinas devem investir em atualização tecnológica e capacitação profissional. O uso de ferramentas avançadas de diagnóstico e a especialização no uso de lubrificantes compatíveis com as exigências dos fabricantes tornam-se fatores determinantes para a competitividade do setor. Além disso, a conscientização dos consumidores sobre a importância da manutenção preventiva e do uso de produtos adequados desempenha um papel fundamental na preservação do veículo e na otimização do desempenho do motor.
A crescente venda de seminovos impõe desafios e oportunidades ao setor de reposição automotiva. E, diante deste cenário, a disponibilidade de peças, a qualificação da mão de obra e a escolha adequada de lubrificantes são fatores-chave para garantir a eficiência e a longevidade da frota em circulação.

Autor:
Marcelo Martini é Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.