Qual Era o Foco do o Marketing 1.0? Como Foi a Fase Conhecida de Marketing 2.0? Qual a Relação do Marketing 3.0 Com a Mudança de Paradigmas?
No decorrer dos tempos, o Marketing vem passando por diferentes estágios e mudanças e, muitas delas, vem coincidindo com as alterações do cenário econômico mundial e regional. Na fase industrial, na qual o foco era no produto básico e padronizado para um mercado consumidor que ainda estava em formação, tinha-se o chamado Marketing 1.0.
Nessa época, o objetivo das empresas era reduzir os custos de produção e por isso a padronização e o aumento na escala de produção faziam sentido.
A agilidade nas entregas – proporcionada pelo avanço dos meios de transporte e das comunicações aliado à maior facilidade de acesso à informação pelos consumidores, principalmente com o uso de computadores e Internet – mudaram o perfil do consumo.
Os consumidores passaram a ter maior gama de informações e conhecimento a respeito de produtos, serviços e empresas e a comparar diversos atributos na hora de realizar uma compra. O marketing precisou se adaptar a essas mudanças para poder oferecer produtos com valor superior a um cliente cada vez mais informado e consciente de seus direitos. Essa fase é conhecida como Marketing 2.0, ou orientada para o cliente, e ainda é praticada por muitas empresas. ([1]).
Mas, quando se fala em mudanças de paradigmas, é necessário refletir que isso não é da noite para o dia, pois requer tempo, recursos e dedicação para que os valores sejam modificados. Quando se fala isso dentro marketing 3.0, estamos falando de uma mudança talvez pouco vista, na visão de como tratamos os consumidores de uma maneira geral, buscando a cada dia um mundo melhor.
O Marketing 3.0, segundo Kotler et al. (2010), representa uma mudança importante de paradigma em relação aos valores, pois a empresa deixa de tratar as pessoas como simples consumidores e passa a vê-las como seres humanos plenos, ou seja, com mente, coração e espírito.
Os consumidores estão em busca de soluções que transformem o mundo globalizado em um mundo melhor e elas entendem que isso pode ser alcançado ao comprar de empresas que abordem aspectos de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores.
As empresas continuam orientadas para o consumidor, a exemplo do que ocorre no Marketing 2.0, mas agora se preocupam com suas aspirações, valores e espírito humano. O perfil da tecnologia contribuiu para o aumento do “poder dos consumidores” (Empowerment).
Se antes o acesso à informação se dava por meio da televisão, do rádio, do jornal impresso e dos websites que as empresas possuíam na Internet, gerando notícias e informações que eram “absorvidas” pelos consumidores (Marketing 2.0), agora são esses mesmos consumidores os responsáveis pela formulação e direcionamento de muitas das notícias e informações que circulam no planeta, por meio de mídias sociais expressivas como blogs, Twitter, Youtube, Facebook, Flickr, LinkedIn etc., e das mídias sociais colaborativas como a Wikipédia, por exemplo.
ALVES (2016) destaca que é essencial ter criatividade, principalmente para as empresas que enfrentam instabilidade e mutabilidade. A inovação, nesse sentido, contribui para o processo de criar as ideias e colocá-las em prática. Quando falamos de mudanças, estamos considerando a onda tecnológica, e as pessoas criativas são os eixos que podem conectar os consumidores de maneira geral, principalmente com o auxílio das mídias sociais.
Esses consumidores considerados influentes podem contribuir para esse marketing ambiental, para o desenvolvimento de produtos, sendo co-criadores, por exemplo. Esse termo representa novas maneiras de criar, pois abre caminho para experiências compartilhadas.
Algumas empresas já́ têm desenvolvido processos de co-criação na área ambiental como, por exemplo, a Natura. […] indicaram que existem três processos centrais de co-criação. Primeiramente, as empresas devem criar uma “plataforma”, ou seja, um produto genérico que pode ser customizado mais adiante.
Posteriormente, deve-se deixar os consumidores individuais dentro de uma rede para customizarem a plataforma de acordo com suas identidades particulares. Por fim, deve-se solicitar as impressões dos consumidores a respeito do produto e enriquecer a plataforma, incorporando os esforços de customização feitos pela rede de consumidores. ([2]).
O autor ainda sustenta que uma das questões de futuro dentro do marketing 3.0 envolve a questão da sustentabilidade, destacando como um grande desafio para o longo prazo, que as empresas se tornem sustentáveis, pois isso representa a sobrevivência delas em um futuro talvez não tão distante.
REFERÊNCIAS
ALVES, R. R. “Marketing Ambiental: Sustentabilidade empresarial e mercado verde”, publicado pela Ed. Manole, São Paulo, 2016
BOTELHO, J. C.; MANOLESCU, F. M. K. O marketing verde como diferencial competitivo nas organizações. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 14.; ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO, 10., 2010. Anais […]. São José dos Campos, SP: Universidade do Vale do Paraíba, 2010. Disponível em: http://
www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0003_0495_01.pdf. Acesso em: 20 jan. 2020.
CONTADOR, J. C.; MEIRELES, M. Análise da Competitividade por campos e armas da competição. In: ENANPAD. 2001. Anais […]. Campinas, SP: 2001. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2001-eso-112.pdf. Acesso em: 12 jan. 2020.
FERRELL, O. C; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing: teoria e casos. São Paulo: Cengage Learning, 2016. QUAL O IMPACTO ambiental dos produtos que você consome? [S.l.: s.n.], 2016. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal naturabroficial. Disponível em: youtube. com/watch?v=0WQcDgmmq_0. Acesso em: 8 abr. 2020
([1]) ALVES, R. R. “Marketing Ambiental: Sustentabilidade empresarial e mercado verde”, publicado pela Ed. Manole, São Paulo, 2016, p. 11-12
([2]) ALVES, R. R. “Marketing Ambiental: Sustentabilidade empresarial e mercado verde”, publicado pela Ed. Manole, São Paulo, 2016, p. 14