“Bem Aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mateus 5.04).
Nunca ouvi dizer que um bebê ao nascer tenha vindo ao mundo sorrindo, muito pelo contrário; o choro do bebê é uma forma de dizer: “estou respirando!”. Cientificamente falando é uma forma da criança expelir o líquido amniótico que está dentro dela. Há pessoas que passam períodos imensos sem chorar. Como afirma um hino cantado congregacionalmente: “O chorar não salva, nem o lagrimar sem fim…”. Neste sentido, o hino está correto, mas no mundo em que vivemos estamos a beira do abismo: afetivo, emotivo e emocional, porque não sentimos o peso de nossas escolhas e muito menos respondemos por nossas “responsabilidades”. ou melhor; “irresponsabilidades”. Estamos tão acostumados com a barbárie, que um corpo estendido no chão, pouca coisa passou a nos dizer. A Mídia torna o “corpo” como se o mesmo fosse parte da camada asfáltica, e como na parábola as pessoas estão passando de largo diante do sofrimento alheio, em palavras mais apropriadas o homem tem passado “de fininho” diante do outro que de forma explícita agoniza diante das inúmeras e incontáveis mazelas da existência humana. As cidades estão tomadas, pelo “choro” da dor, da perda e da ausência, principalmente da presença divina. As “pílulas” do disfarce da realidade existencial humana, mascara uma pseudo “alegria”, pois assim como a paz que o mundo dá, a alegria subsequente ás “drogas” socioafetivas que o mundo tem lançado sobre nossa juventude faz com que, a chamada: “boa idade” não seja na realidade tão boa assim! É verdade, que a afirmativa Sheakspeareana, de que: “O choro diminui a intensidade da dor” tenha certa eficácia natural, todavia, Jesus chorou! não com objetivo de diminuir a intensidade da dor, pelo contrário, para mostrar o tamanho de sua dor, em razão da indiferença e incredulidade de Jerusalém.
Deus não tem motivos para sorrir. 22 Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. 23 E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. Romanos 8.22-23.
Jesus chorou por Jerusalém e Deus continua “chorando” pelo mundo! “gememos” como uma forma de interiorizar nossa dor. Nestes dias de carnaval, a carne sorri com máscaras de quem geme por dentro. O carnaval passa como uma sensação alucinógica momentânea, pois após seu efeito, a realidade de uma alma doentia toma o centro das emoções e dos sentimentos humanos. Uma “pausa” nada mais que uma pausa! não é suficiente para encobrir toda uma existência de uma dor alucinante da alma!
Ao contrário da música cantada por Gilberto Gil. “I Dont More Cry” Jesus diz: Chore! Lamente-se! Pranteie-se! e sinta a dor da alma, latejante, crônica e permanente!
“O Choro Celestial”. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará. (Tiago 4.9-10).
Em um vagão de trem, que partia de uma pequena cidade Inglêsa, no banco ao lado; uma jovem chorava de soluçar, ao ver os soluços da moça, o homem que estava sentado próximo dela, se levantou com o intuíto de acolhê-la, no entanto ao se aproximar viu que a jovem chorava em decorrência de uma cena figurada em uma foto novela. Esse homem era o grande pregador Inglês, Charles Haddon Spurgeon, e a moça, é uma dentre tantas, inúmeras, que choram, mas não lamentam, derramam lágrimas, mas não de arrependimento. A natureza de nosso “chorar” traduz a natureza de nossa alma, como também; revela aquilo que identifica nossos corações. O mundo precisa chorar! lamentar! prantear! como sinal de arrependimento. Como forma de confissão e como necessidade da salvação. Não aquela que tem durabilidade definida, espacial, humana e local; mas a salvação que nos faz chorar aqui na terra para sorrirmos na eternidade. O salmo 30 3m su verso 5 traduz bem o que estamos dizendo:
“O Choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Você pode chorar por todos os motivos característicos e específicos deste mundo: “Uma doença”, “Uma demissão do trabalho”, “uma má colocação em um concurso público”, “uma reprovação em um exame”, “a perda de um ente querido”. Nenhum desses motivos e nenhuma dessas razões, será maior do que o “prantear”, “o lamentar” pelos nossos pecados. O mundo precisa chorar!
Teólogo, Historiador, filósofo e Professor: Claudinei Telles.