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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

De ás dos ases à crime familiar no Brasil: a linhagem dos von Richthofen

German airman Manfred von Richthofen, called the “Red Baron,” is shown returning from a mission at his squadron’s aerodrome at the Front in World War I in 1916. Behind him is the German Cross that marks his plane. (AP Photo)

Atualmente, a notícia sobre o nascimento do mais recente herdeiro de Suzanne von Richthofen congestionou as grandes mídias no Brasil. Entretanto, um dos maiores enfoques jornalísticos se deu pela decisão de Suzanne em alterar oficialmente seu sobrenome de registro, von Richthofen, cujo peso do assassinato ocorrido em 2002 permanece enraizado no cognome da família.

Mas afinal, podemos considerar este o desfecho da linhagem dos von Richthofen no Brasil?

Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, ou simplesmente Manfred von Richthofen, fruto do casamento entre Albrecht Philipp Karl Julius Freiherr von Richthofen e Kunigunde von Schickfus und Neudorff, tornou-se popularmente conhecido durante a Primeira Guerra Mundial como O Barão Vermelho. Consagrado pelas conquistas durante as batalhas aéreas, o reconhecimento de Manfred perdurou sobretudo na cultura pop, como filmes (Red Baron, 2008) e músicas (The Red Baron, Sabaton).

Aqui estava o túmulo do rei, prussiano, capitão e piloto de caça da Primeira Guerra Mundial, Manfred Frhr von Richthofen, “O Barão Vermelho” 1892 – 1918. Em 1975 seus restos mortais foram transferidos para o Cemitério Sul de Wisbaden.

Manfred faleceu em 21 de abril de 1918 em Vaux-sur-Somme, na França, durante um conflito aéreo com apenas 25 anos. O egrégio aviador, em todos os seus anos, jamais apresentou herdeiros ao mundo para compor a sua linhagem. Entretanto, os sobrinhos do Barão, filhos de seus irmãos, herdaram o sobrenome da nobre família.

A família von Richthofen no Brasil

Dessa forma, a linhagem dos von Richthofen transcede as linhas históricas da Primeira Guerra com a chegada de membros da família ao Brasil em 1954. Entre eles, Manfred von Richthofen, pai de Suzane von Richthofen, estabeleceu residência com a família no estado de Santa Catarina. Anos mais tarde, Manfred estabeleceu-se em São Paulo, onde formou-se em engenharia e conheceu Marísia Abdalla, mãe de Suzane.

Após o assassinato que aterrorizou o Brasil em 2002, a imprensa alemã refutou o suposto grau de parentesco entre a família brasileira com Manfred, o Barão Vermelho, com base na fala do genitor de Suzane, onde afirmaria que o ás dos ases, Manfred, era de fato seu tio-avô. A parentalidade entre a família de Suzane von Richthofen com o aviador jamais foi verdadeiramente confirmada, mas tampouco refutada com excelência para o desfecho desse grande questionamento.

Apesar de profundos debates e controvérsias acerca da verdadeira parentalidade entre Suzane e Manfred, pode-se afirmar que os von Richthofen possuem uma grande importância na história, e embora os registros remontem a uma estreita genealogia, cujo cognome preenche poucos registros de nascimento, o sobrenome permanece carregando uma grande influência.

No Brasil, von Richthofen ganhou destaque pelo assassinato arquitetado por Suzane, ocorrido em 31 de outubro de 2002. Por muitos anos, o cognome foi referência ao ocorrido com a família nas mídias brasileiras, cujos portadores eram agora somente Suzane e Andreas Albert von Richthofen, seu irmão.

Anos após a condenação pela morte de seus pais, Suzane optou pela retirada de von Richthofen de seu registro de nascimento, a fim de encerrar a linhagem e engatar um trajeto diferente ao lado de seu esposo, Felipe Zecchini Muniz, e filho, atendendo atualmente por Suzane Louise Magnani Muniz.

Mas o veredito de Suzane também seduz outros membros da família. Andreas, agora responsável pela herança da família von Richthofen, sofre constantemente com peso do cognome no Brasil após o assassinato. Prodígio e com um futuro brilhante, Andreas foi reconhecido por moradores da cidade de São Paulo, aparentemente confuso e debilitado. O herdeiro já manifestou o profundo desejo de sair do Brasil para escapar do desconforto e dos olhares que o sobrenome lhe oferece.

Apesar do sobrenome manifestar uma grande imponência, o passado da família von Richthofen permanece demonstrando profundas rachaduras, mortes e vitórias em seu passado turbulento para àqueles que o carregam.

Bianca Ferreira
Bianca Ferreira
Graduada em Direito pelo Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB). Escritora e roteirista.

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