Os Amazigh formam uma civilização indígena da África do Norte e Subsaariana cuja existência remonta a mais de 20.000 anos. Chamados de Amazighen, Homens Livres, nativos do Marrocos, descendentes de tribos nômades e sedentárias, geralmente rurais, os quais se distinguem no Reino devido a sua ligação inabalável com a terra, a forte relação com o sagrado, abertura, simpatia e hospitalidade, além do seu grande senso de comunidade.
O povo amazigh, graças ao decreto real, o dia 14 de Janeiro 2024, tornou-se pela primeira vez na história o ano novo 2974, um dia feriado nacional. As cidades marroquinas festejam a tradição amazigh, em famílias num elevado dinamismo sem precedentes, cantos e danças com rituais específicos de tradição antiga, onde muitos correntes filosóficos, ideológicos e religiosos se conjugam, chamando a atenção de todos para refletir sobre esta demarcação e identificação tradicional sem igual dos povos nativos e africanos.
Tal decisão real em relação a cultura Amazigh, seus atributos históricos, culturais e filosóficos, hierarquicamente indicados na terminologia do Amghar, título mais alto da tribo, Tamazirt, Check, Mcadam, tais costumes continuam tendo efeitos na história da humanidade, decorrente da relação entre este povo originário do norte da África e outras tribos.
Neste contexto, o Gabinete do Rei de Marrocos, Maio 2023, tem decretado o dia amazigh, dia nacional e feriado, novo ano Amazigh (2974), uma oportunidade para destacar e lembrar a origem deste povo Amazigh, sua identidade e diversidade linguística e cultural. Das maneiras diferentes nas atividades, manifestações e simbolismo que representa, sem exclusão ou encarnação desta cultura Tamazight melinar.
Sensação de pertencer
O grande dinamismo deste povo nômade reflete-se nas celebrações do Ano Novo Amazigh 2974, na reabilitação civil e comemorável, “Eid ambark”, uma realidade original comum para todos os marroquinos, as diversas geografias, as convicções, a identidade multifacetada, envolvendo um “contexto histórico rico, da terminologia original e natural do povo amazigh, pastoral-agricol, Tarwait, Hakuza, Takla, Ynair ( Janeiro), e amazigh, sinônimo do ano novo.
Assim a comemoração do ano novo 2974, dados evento nos espaços públicos, inicialmente limitados aos actores da reivindicação da identidade Amazigh, mas após a celebração do fato assiste a outra tendência, ao designar o dia ‘feriado nacional’, libertando espíritos de originalidade comunal , longe de ficar restrito às ideologias arcaicas, ilusões as práticas idolatrias.
Hoje o interesse de celebrar o ano amazigh parte da convicção e decisão de abrir-se sobre este povo, sua cultura e tradição, bem como sobre a apropriação nacional, o orgulho e reconhecimento da cultura Amazigh, alicerce da pátria, da dinastia marroquina e da formação de tradições culturais múltiplas.
Traduzindo tais sentidos da história do país, atributos festivos não só pela comemoração do ano 2974, mas também de uma identidade, muito especial no imaginário do amazigh; artifício positivo, parte de um povo cooperativo, descendente de uma ampla diversidade linguística e cultural.
Tal desafio de Amazigh faz referência ao programa de formação e ensino na prática, a título da integração da língua Amazigh num quadro de igualdade de oportunidades entre as duas línguas oficiais ( Arabe versus Amazigh), o que eleva o grau de seriedade e compromisso político de unidade e nacionalidade.
Reduzir sentimento de exclusão
A questão da institucionalização das celebrações do “Dia de Janeiro”, do feriado oficial, a qual serve no sentido da coexistência e diversidade, bem como da integração e identidade nacional coletiva, revelando assim a dimensão da oficialização do dia amazigh e da reconsideração do público, apesar do ideológico diferenciado do ano, composição hierárquica dos marroquinos e herança cultural do povo marroquino.
O Instituto Real da Cultura Amazigh, Rabat, chamou para acelerar os programas da educação da língua Amazigh para os marroquinos visando a beneficiar desta herança multidimensional, horizontalmente e verticalmente.
Assim a entrada das instituições oficiais na celebração deste feriado deu um sabor diferente ao novo ano amazigh,‘Assgass ambark Hakuza’, antes tem sido celebrado ao nível das famílias e iniciativas da sociedade civil; mas hoje, os marroquinos unidos sob a bandeira amazigh ao curso de ação, da luta em prol dos direitos linguísticos e culturais, estipulados na Constituição de 2011 no Capítulo 5 e reforçados na lei orgânica, a aplicar de caráter oficial no quadro de Amazigh como linguagem.
Este espírito do amazigh e do elevado interesse público e oficial, traduz o fenômeno do dia 14 de Janeiro, ano novo amazigh, constituindo uma oportunidade de activação da língua Amazigh, das últimas duas décadas, objeto do balanço das realizações ao nível da comunicação social, da educação e da integração do Tamazight no espaço público, bem como nas administrações públicas, e a título do processo de integração das aldeias e dos valores do “Tamaghribit”, sem nenhum exclusão racial.
Autor:
Lahcen EL MOUTAQI
Pesquisador universitário, Rabat, Marroco