Americanas, Bancos Credores e o famigerado “Acordo”: o problema da não internacionalização e falta de planejamento estratégico
Na última sexta-feira (24), os bancos credores da Americanas estiveram em uma videoconferência com a varejista, conforme informações divulgadas nos jornais, para formularem um acordo de recuperação da empresa.
Houve a expectativa entre as partes envolvidas que um acordo sobre o pagamento das dívidas da empresa fosse alcançado até o final da semana passada. Porém, somente hoje o acordo foi aceito.
Segundo os dados de hoje, o grupo Americanas assinou acordo com 35% da dívida e espera ainda mais bancos. Existe a possibilidade da empresa e os bancos assinarem um PSA (acordo de suporte ao plano, em inglês) para permitir que a companhia prossiga com o plano de recuperação judicial. No entanto, o documento ainda está sujeito à votação na assembleia geral de credores, agendada para 19 de dezembro.
A estimativa apresentada há duas semanas pelo CEO da varejista, Leonardo Coelho, declarava que a companhia já contava com adesão de 60% da dívida. Dado esse que ainda não foi obtido.
Tempos atrás, a Americanas reportou uma fraude significativa no valor de R$ 25,2 bilhões, conforme declarado pela própria empresa. Os prejuízos líquidos em 2021 foram de R$ 6,2 bilhões, aumentando para R$ 12,9 bilhões em 2022. A empresa atribui as fraudes ao ex-CEO Miguel Gutierrez, que deixou o cargo em dezembro de 2022 após liderar a companhia por duas décadas.
O atual CEO da varejista, Leonardo Coelho, assegurou que os balanços financeiros publicados em 16 de novembro estão “livres” de irregularidades. Ele defendeu a posição de que a empresa foi vítima de uma fraude “sofisticada” e “bem arquitetada.”
Problemas antigos
“O conglomerado de Lojas enfrenta desafios já há algum tempo, com a necessidade de lidar com uma fraude substancial. Sempre digo que as empresas precisam buscar uma abordagem mais internacionalizada para se adaptar aos desafios do mercado global e se afastar das questões do passado que afetaram sua estabilidade financeira”, comenta Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial.
Para o empresário, essa situação poderia ter sido evitada. O patrimônio líquido saiu de R$ 9,5 bilhões positivos para R$ 26,7 bilhões negativos durante o pior período da empresa. Já houve decretação de recuperação judicial.
“A gestão estratégica, por exemplo, poderia ter dado uma análise de riscos mais abrangente, antecipando potenciais falhas nos sistemas financeiros da empresa”, explica Paulo Silvestre de Oliveira, referência no Brasil em desenvolvimento estratégico.
Em fevereiro deste ano, a dívida da Americanas estava em R$ 42,5 bilhões. Após crises internas, o saldo negativo chega a R$ 50,1 bilhões. A empresa, que está em recuperação judicial, nega que decretará falência. O CEO da organização, Leonardo Coelho, afirmou que acontecerá ” o maior plano de recuperação do varejo”.
Autoria:
Bayit Comunicação