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sexta-feira, 21 de junho de 2024

Efeito colateral

Eu percebi que as redes sociais causam um grande efeito colateral no seu uso. Para o usuário comum, talvez nem se aperceba de tal efeito. Mas está lá. Presente em todos os momentos. E age rápido, quase que imediatamente após a instalação. Eu sei porque passei três anos longe disso e quando voltei, senti um choque de realidade. Não há como evitar: A comparação.

É interessantíssimo. Fora das redes, seu parâmetro é pequeno. Suas comparações são feitas em relação àqueles a sua volta e portanto, o indivíduo adquire um senso de realidade e aceita sua situação. Entre prós e contras, ele entende ser relativamente feliz com o que lhe é apresentado. Seja no quesito dinheiro, beleza ou moradia. Mas ao entrar nas redes, seu radar amplia de modo gigantesco e instantaneamente, seus conceitos e padrões, agora irrelevantes, dizem que é infeliz. É infeliz no dinheiro, na beleza, na localização, enfim, infeliz na vida. Pois ao olhar a tela, todos levam vidas melhores e mais interessantes que a sua. E por mais que se esforce para ter alguma reação, poucas para ele, nunca serão suficiente.

Engana-se quem pensa que, aqueles que já conquistaram seu lugar ao sol sofrem menos. Pelo contrário, esses são os que batalham constantemente para permanecerem por lá e continuarem relevantes. Em sua maioria, abdicam da saúde, seja ela física ou mental, para acompanhar seu estilo de vida. Os poucos que desejam se agarrar a uma fração do que seria o seu direito à privacidade, necessitam de condições financeiras compatíveis com tal direito. E nós, reles mortais, corpos da rotina e almas do dia a dia, nem nos atentamos que esse é um direito que nos é ofertado gratuitamente, mas que por míseras moedas entregaríamos em uma bandeja de prata sem nem pensar duas vezes.

Por isso escrevo estas palavras, para me lembrar que tudo isso, em absoluto, é insignificante. Antes de ser belo, fino e elegante, seja humano e pelo amor de Deus, seja real, seja uma pessoa real. Esta é a razão pela qual, no teatro, quando o artista se apresenta, a iluminação é retida nele para que não veja sua plateia. Os gritos, os aplausos e as reações, não são o seu ofício. A arte é o seu ofício.

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