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segunda-feira, 22 de julho de 2024

E Seu Nome É Jonas — Resenha De Filme

O filme “e seu nome é Jonas” retrata a vida de uma criança surda no início dos anos 1980, nos Estados Unidos da América. Nascido em uma família de imigrantes italianos quase nada familiarizada com a cultura surda, Jonas é primeiro tido como deficiente intelectual por seus pais, em razão de um diagnóstico médico errado e por não conseguir com eles se comunicar e muito menos entendê-los. Após tentativas frustradas de ensinar-lhe através da oralização, sua mãe, que nunca dele desistiu, faz amizade com pessoas surdas, que o introduzem à Língua de Sinais.

O filme começa em uma clínica para crianças especiais, com elas dormindo. Jonas é acordado e começa a correr em volta das camas; as funcionárias do estabelecimento tentam fazê-lo parar, mas ele não as escuta. É narrado que ele está há três anos e quatro meses no local, mas ninguém sabe de fato qual o seu problema. O médico da família o havia diagnosticado com retardo mental e por isso estava na clínica.

Seus pais chegam ao local munidos de um mandado judicial que os autoriza a retirá-lo do hospital, pois descobriram a razão dele não estabelecer comunicação com as pessoas: é surdo. Retiram o garoto dali e o levam para casa, onde toda a família aguarda para recebê-lo com uma festa de boas-vindas. O pai tem de explicar aos seus que o filho é portador de surdez e em razão disto não sabe nenhuma palavra.

Ainda na festa, sua tia levanta um questionamento filosófico interessante: “se ele não conhece as palavras, como consegue pensar”? Isso claramente foi uma alusão do filme ao filósofo grego Aristóteles, que dizia que por não terem audição, as pessoas surdas são incapazes de pensar, formulação que dominou a filosofia ocidental por muitos séculos.

Após, levam-no a outra médica, que lhe impõe um aparelho auditivo. No dia a dia com sua família, o garoto faz muita birra e estressa seus genitores, principalmente seu pai, que não o compreende e não consegue acalmá-lo. É explicado que ele não lê os lábios por não conhecer as palavras. Há momentos do filme com enfoque no boneco homem-aranha de seu irmão mais novo, Anthony; é mostrado que Jonas não gosta do boneco, tenta escondê-lo e por fim acaba por queimá-lo no forno. Talvez seu incômodo seja com o fato do personagem dos quadrinhos não ter orelhas.

Os pais levam Jonas para uma escola contrária ao uso da Língua de Sinais e adepta do oralismo. É mostrado no filme que os amigos do Pai de Jonas são preconceituosos com o menino e não gostam de conviver com ele. Isso faz o genitor começar a desenvolver vergonha de seu próprio filho e a considerá-lo como retardado.

Há o momento do cachorro-quente. Jonas tenta usar sinais para levar sua mãe ao vendedor, mas ela não consegue compreendê-lo. A genitora começa a acreditar que Jonas a odeia. Tentam colocá-lo para andar de bicicleta e é quase atropelado. Os vizinhos todos brigam com os pais, pois consideram Jonas retardado. O pai, frustrado e envergonhado, sai de casa, mas continua ajudando financeiramente.

A mãe vê pela primeira vez uma família inteira empregando a Língua de Sinais na comunicação. Vai à biblioteca com outra amiga e descobre livros tanto a favor da oralização, quanto a favor da Língua de Sinais. A genitora começa a se sentir culpada e a chorar por Jonas não estar se desenvolvendo e por só falar “a”. O avô de Jonas morre, mas o garoto não entende o ocorrido e tenta, sozinho, se encontrar de novo com o falecido na feira, seu antigo local de trabalho. Um policial o encontra e o leva a um hospital, onde é amarrado, pois gritava sem parar. Sua mãe chega e fica chateada com a situação.

Outrossim, a genitora se depara com a mesma família de surdos fazendo uso da língua de sinais. Eles a levam para um clube só de surdos, com uma intérprete. Lá tocava música e todos os surdos falavam em língua de sinais. Ensinam à mãe de Jonas alguns sinais. Um dos membros do clube se aproxima e explica para a genitora que a língua de sinais é a melhor para os surdos e que isto é fato incontroverso para eles.

Por fim: a mãe de Jonas o tira da escola com método oralista e os amigos surdos da mãe começam a ensinar-lhe a língua de sinais, inclusive a como pedir cachorro-quente, o que o deixa extremamente feliz. Encontram uma tartaruga morta, explicam-lhe a situação do animal, ao que ele finalmente compreende o que se passou com seu avô. Ele vai para a feira com a mãe levar a tartaruga para sua avó e aproveita para ensinar a ela a expressar ‘morto’ em língua de sinais. Termina o filme com ele indo para uma escola especializada só para surdos, onde as crianças são ensinadas por meio de sinais e só se comunicam assim.

De início, eu confesso que não estava muito a fim de assistir o filme e nem esperava muito dele. Porém, quando terminei estava quase chorando, pois realmente é um filme muito belo de se ver e espero conseguir reunir minha família para que possamos todos assisti-lo juntos. Além de lindo, o filme me trouxe um sentimento de esperança no final, ao saber que Jonas poderá finalmente se socializar com as pessoas, constituir amigos, família e estudar. Esta resenha foi gostosa de fazer, pois fui anotando as partes principais do filme e com elas estruturei o presente texto.

Quanto à minha formação humana e profissional, me deu vontade de aprender Libras com o fito de, principalmente, ser mais um canal facilitador para os surdos acessarem o poder judiciário e com certeza contratarei intérpretes de Libras para o meu escritório de advocacia. Em relação à cultura surda, graças às novas legislações e a aceitação da Libras como língua materna dos surdos, espero que no futuro tenhamos mais surdos ocupando postos e trabalhos importantes em nossa sociedade; mais surdos produzindo ciência, conhecimento e também espero que os ouvintes se interessem pela língua de sinais.

Autor:

Wagner Piau De Almeida Neto Piau

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