A conferência MetLife TTX 2023 foi planejada para explorar oportunidades emergentes, identificar novas habilidades que precisam ser desenvolvidas e defender a responsabilidade da indústria para empoderar mulheres criadoras de soluções nesta nova era de inteligência artificial.
Durante a conferência, os debatedores falaram com veemência sobre as mulheres no local de trabalho, mas também sobre minorias e grupos sociais pouco representados nesse ambiente tecnológico. Eles abriram os olhos das pessoas para novas possibilidades e novos desafios.
Mais de onze mil pessoas em todo o mundo passaram dois dias explorando novas formas de trabalho e estudo durante esta revolução tecnológica. O TTX 2023 também abordou outros temas, não apenas a condição das mulheres no ambiente de trabalho.
Grupos desfavorecidos e minorias em nossa sociedade também têm lutado há muito tempo para serem aceitos e fazerem parte do movimento, da conversa e da solução.
Líderes e CEOs devem desencadear iniciativas e iniciar programas levando em consideração a diversidade cultural. Ninguém deve ser deixado para trás neste momento crucial em que a IA constantemente aprende conosco. Mas quem somos “nós”?
Apesar da rápida ascensão do Chat GPT e de outros grandes modelos de linguagem, e de milhões de pessoas ao redor do mundo usando essa tecnologia, essas pessoas que usam a tecnologia diariamente representam apenas uma fração da população humana.
Precisamos que cada pequeno grupo de nossa civilização seja representado nessa jornada. De trabalhadores da saúde a engenheiros, de zeladores a professores e de crianças a idosos. Todos devem participar, de todas as etnias, de todas as origens, de todos os estilos de vida. Todos nós fazemos parte da humanidade, e a IA deve saber sobre todos nós.
A maioria das pessoas que usa ferramentas de IA hoje em dia está geralmente em áreas dominadas por homens ou em gerações mais jovens e trabalhadores da área de tecnologia, chamada de STEM em inglês (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Todos os dados que os modelos de IA absorvem são contaminados por nossos vieses cognitivos inconscientes e preconceitos que mantêm esquecidos aqueles que estão no domínio da pobreza. Agora é o momento da história em que precisamos fortemente da inclusão e diversidade humanas para garantir nosso lugar na evolução da natureza ou a própria continuidade de nossa existência.
Nossa pluralidade de pensamento, resiliência, coesão e capacidade de adaptação nos tornam poderosos. Esses grandes modelos de linguagem estão aprendendo como crianças, e temos que dizer a eles o que é certo e o que é errado. Uma abordagem multidisciplinar e multicultural é essencial. Trazer tudo o que temos para a mesa é vital para o nosso sucesso nessa escalada tecnológica.
A opção oposta põe em risco a integridade da humanidade. Aumenta as chances de perdermos a corrida para uma inteligência artificial potencialmente perigosa. Um resultado menos drástico, mas ainda assim aterrorizante, pode ser o surgimento de uma compreensão estereotipada de nossa civilização, que poderia culminar em uma degradação definitiva de uma grande parte da raça humana.
Em contraste, poucos de uma elite da tecnologia se juntariam à IA em uma fantasia futurista de abundância e satisfação. Nosso passado já está repleto de histórias controversas de reinos ricos e tiranos brutais exercendo enorme poder para seu próprio entretenimento.
No entanto, a inovação é o trabalho da humanidade por necessidade. Se liderarmos diligentemente nesta era de grandes oportunidades, a inteligência artificial pode impulsionar a equidade social e nos tornar mais produtivos.
Podemos tornar a educação acessível e entregá-la em qualquer canto da Terra. Cada criança poderá ter um tutor pessoal. Cada trabalhador terá um mentor especialista pessoal. Cada executivo, médico ou advogado terá um assistente pessoal com superpoderes.
Juntando humanos, supercomputadores e ferramentas ajustadas de inteligência artificial, trataremos com melhores condições o aquecimento global, o controle da proliferação de armas nucleares, a transição de combustíveis fósseis para energias renováveis, o fim da pobreza e da fome, a busca por curas para todas as doenças que nos aterrorizam há milênios, e até desenvolver técnicas para evitar impactos de asteroides ou nos proteger de erupções de super vulcões.
Para chegar a este ponto, todos nós devemos participar da conversação sobre as capacidades da IA, por meio de colaboração ponderada e intencional, para construir sistemas com soluções sustentáveis.
Leis devem ser aprovadas para incluir um currículo robusto de IA e tecnologia nas escolas do ensino fundamental e médio. Os também executivos precisam fazer a diferença, especialmente com relação às mulheres, que representam um percentual muito menor da força de trabalho em posições de STEM.
Nós não devemos dizer à IA para contratar o mesmo tipo de pessoas que consistentemente contratamos. Em vez disso, devemos treinar a IA para atrair indivíduos capazes, independentemente de seu perfil. Essas tecnologias que estamos desenvolvendo têm o potencial de vasculhar milhões de currículos e destacar aqueles que nós humanos nunca consideraríamos.
Embora os líderes desempenhem um papel essencial, qualquer pessoa de qualquer campo do conhecimento deve se levantar e erguer sua voz. Todos nós somos coletivamente responsáveis pelos resultados desta fase evolutiva.
Nós ainda podemos ser os arquitetos do nosso futuro tendo a IA apenas como uma facilitadora. Você não precisa saber programar para colaborar, porque a tecnologia agora é concebida de forma mais intuitiva. Todos devem acessar as ferramentas tecnológicas e precisam incluir-las em suas vidas cotidianas. Se você souber programação, é ainda melhor!
Junto com as promessas, essas novas tecnologias que mal entendemos também trazem ameaças sinistras, e riscos. A quebra generalizada de senhas e falhas nos sistemas de segurança poderiam mergulhar o mundo em um caos cibernético.
Embora isso seja possível, as grandes empresas de tecnologia estão trabalhando junto aos governos e os parlamentos para desenvolver novas legislações e regulamentações para lidar com esses perigos. A segurança da IA é mais um motivo pelo qual precisamos desse diálogo dentro das nossas comunidades, não apenas como indivíduos, para evitar as velhas armadilhas da estratificação social e da discriminação.
Como poderemos causar impacto em uma discussão da qual não fazemos parte?
Não podemos deixar de estar na sala de decisões. Temos que fazer nossas vozes serem ouvidas, especialmente quando a humanidade navega por águas desconhecidas. Esta revolução deve ser em torno da IA, não por causa da IA, não sobre a IA.
A humanidade é imperativa para construir um futuro high-tech com um sotaque humano, high-touch.
Autor:
Marcos Correa
