Em sua rotina matinal, Cris ligou a televisão para se inteirar dos últimos acontecimentos quando teve a grata surpresa de ver um rosto conhecido sendo entrevistado pelo jornal de sua cidade.
Marcelo Chaves, seu grande amigo de várias décadas, estava ali, diante dos seus olhos falando com propriedade diante das câmeras e a pauta era a luta incessante do sindicato que Marcelo Chaves havia fundado para lutar por uma classe de trabalhadores.
Ao ver o amigo na TV, fez com que Cris vibrasse pela conquista dele por finalmente estar sendo ouvido depois de tantas portas fechadas que tivera ao longo dos anos.
Marcelo Chaves era um homem muito simples, mas extremamente eloquente.
Cris, que o conhecia como poucos, sabia que Marcelo Chaves tinha facilidade de entrar e sair de qualquer lugar acompanhado da simplicidade que lhe era peculiar.
O amigo de Cris nunca se apegou às coisas materiais e, em suas conversas, sempre falava que sentia que tinha vindo ao mundo para fazer algo pelo próximo, fosse ele quem fosse, da forma que podia e, de repente, para Cris, era como se o Universo tivesse olhado para seu grande amigo e dado a oportunidade dele fazer a diferença na vida de muitas pessoas.
Cris sabia da obstinação do amigo e nunca duvidou da capacidade de persuasão dele, mas vê-lo ali o fez relembrar da dura realidade que Marcelo Chaves viveu.
Líder nato, Marcelo Chaves se atrevia a dar voz às minorias desde que se entendia por gente e o sindicato sempre foi o seu maior aliado para todas as empreitadas de sua vida, principalmente depois de levar um tombo da vida, quando foi demitido do seu emprego. Cris lembrou-se que quando ocorreu esse fato pensou que o amigo fosse desistir de tudo, mas naquele momento, a necessidade de fazer algo de diferente em prol dos trabalhadores falou mais alto dentro de Marcelo Chaves e, trabalhando arduamente sozinho, mas com muito foco e determinação, fundou um sindicato para trabalhadores de uma determinada categoria.
Bravamente lutando pela classe de trabalhadores, Marcelo Chaves bradava em todos os canais de TV em prol da categoria que carecia ser ouvida e precisava ter voz e vez na sociedade.
Cris, ao ouvir o amigo falando ao microfone e os todos holofotes voltados para ele, se emocionou ao lembrar do quanto foi difícil para Marcelo Chaves chegar ali. A vontade incessante de Marcelo Chaves em lutar por aqueles trabalhadores falou mais alto, não somente porque ele fazia parte daquela categoria, mas, por ter esperança de engajamento e união entre os sindicalizados e ele não esmorecia diante dos obstáculos.
Cris, ao ligar para o amigo e parabenizá-lo pelas entrevistas dadas aos jornais, recebeu um convite de Marcelo Chaves para acompanhá-lo em sua rotina naquele dia e Cris topou sem pensar duas vezes.
Ao ver o amigo andando de gabinete em gabinete dentro da Câmara dos Deputados e Senado, Cris percebeu o quanto Marcelo Chaves, com sua costumeira habilidade, abria portas para todos os projetos que apresentava.
Cris sabia que o amigo, além de persistente, era um grande sonhador. Suas ideias eram materializadas em projetos que ele, atrevidamente, apresentava aos políticos e, para a grande alegria de Cris, eram todos bem aceitos, o que fazia com que Marcelo Chaves vibrasse a cada sim que recebia dos políticos.
Cris teve um dia incrível ao lado do amigo e se deliciou ao ver aqueles engravatados recepcionando o amigo como se ele fosse uma grande autoridade.
A verdade mesmo é que Marcelo Chaves tinha um grande poder em suas mãos: a facilidade em se comunicar.
A arte na fala de Marcelo Chaves era sua marca registrada, pois além da determinação ele tinha o mais importante que era o domínio sobre o que defendia.
Cris sempre admirou Marcelo Chaves pela sua postura e resiliência e, ao se despedir daquele amigo que tanto amava, torceu para que a missão de Marcelo Chaves de fazer diferença na vida das pessoas fosse cumprida.
Autora:
Patricia Lopes dos Santos