Altônia-Paraná, 28 de agosto de 2023
Ednelson Garcia[i]
Há muito deixei de acompanhar o “noticiário” brasileiro, por dois motivos simples: primeiro que se encontra viciado e outro, porque tendem a nos viciar nas mentiras que contam. Não digo isso por perseguição, religiosismo, fanatismo, outros ismos, isso ou aquilo. Digo e o faço, por uma constatação óbvia e que, vem se confirmando dia após dia. Dita pela boca de vários que trabalham ou trabalharam na mídia televisiva, de que se trata de uma orquestra de manipulação. Contumaz, objetam e festejam quando há uma tragédia, a fim de explorarem-na, visto que para este universo comercial, a tragédia é a que mais proporciona lucro. Perderam a capacidade empática. Abraçaram ao niilismo materialista e visam ao lucro. Simplesmente e nada mais.
A exemplo, o caso da ex-produtora da TV Globo, a jornalista Giovanna Mel, afirmou que a emissora impedia a veiculação de notícias verdadeiras relacionadas a denúncias de falsa notificação de casos de morte por Covid-19. Em entrevista ao podcast Cara a Tapa (https://www.youtube.com/watch?v=eMxpCJS-OYE), do jornalista Rica Perrone, ela afirmou que enviava relatos do tipo aos ex-colegas de emissora. Giovanna disse também que vários colegas chegaram a pedir demissão da emissora por causa da cobertura jornalística sobre a pandemia e disse que, por conta disso, percebeu que precisava falar do assunto. “Entrei no Instagram e percebi que precisava falar disso. E comecei a divulgar”, afirmou. Isso para citar um, pois outras denúncias são feitas e estão amplamente divulgadas, como o caso do editorial que festejava quando ocorria uma tragédia, assim, passariam a semana explorando a tragédia em busca de ibope. Verdadeiros urubus. Carniceiros.
Quem se recorda do ataque na escola em Suzano, São Paulo? Eu me recordo bem! Neste período, ainda costumava acompanhar o noticiário, possuía redes sociais diversas e tinha a sensação de estar informado. Neste dia, em específico, estava no banheiro, acompanhando o caso pelo celular, em um canal qualquer, por uma rede social. Naquele instante, o então governador do estado, João Dória, estava em uma coletiva, em frente ao colégio que havia sofrido o ataque. Ele expressou algumas palavras como: “não temos muitas informações ainda, mas o comandante da polícia militar foi quem me informou sobre estes pontos (ele havia especificado alguns detalhes do caso, segundos antes), assim que tivermos mais as informações, estaremos informando a todos”. Terminou lamentando a tragédia. Embarcou no seu carro e partiu. Neste momento eu sai do banheiro, em direção a cozinha, pretendia repassar a informação a minha esposa. Quando passei pela sala, a tv que estava ligada na Globo, a repórter noticiava da seguinte forma: “Governador João Dória sai do local dos ataques sob críticas ao não se pronunciar sobre o caso. Quando questionado, o mesmo entrou no carro e saiu debaixo de crítica dos presentes. O Governador se recusou a falar sobre o assunto! ”. Quando vi isso, fiquei indignado. Não pelo governado, não há nada que me faça admirá-lo, mas pela cara-de-pau da jornalista em subestimar a inteligência do povo que a assiste. Se bem que, limitado ao canal deles, tornam-se facilmente manipulados. Posteriormente, cerca de um ano mais tarde, a rede globo passou a falar muito bem do então governador João Dória. Entrei no portão do estado e identifiquei o aumento considerável de investimentos do estado em propagandas. A maior receita era com a emissora rede globo. Coincidência será?
Desde então, não mais assisti ao noticiário, principalmente se for da Rede Bobo. Ops! Meu corretor está corrigindo minha escrita.
Porém, estes dias, estava eu na recepção do consultório odontológico, esperando para ser atendido, e na recepção, a tv estava ligada na emissora em questão. No JH duas coisas me chamaram a atenção. Primeiro, o jornalista que noticiava as coisas boas com ar de velório, mudando para um ar alegre, quando foi falar de tragédia, comentei com minha esposa, que estava junto comigo, para me certificar que eu não estava ficando doido. Outras duas pessoas que se encontravam na recepção e ouviram meu comentário, verbalizaram a mesma percepção, ou seja, não era eu quem estava ficando louco. Ou estávamos tendo um surto coletivo, ou, e eu acredito mais nesta hipótese, o noticiário estava vibrando uma tragédia. Na sequência, foi anunciado sobre uma exposição de arte que estava acontecendo: “Começa nesta sexta-feira (25/08), na Casa Roberto Marinho, um mergulho na obra de um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira: “Angelo Venosa, escultor””. – “De acordo com o curador, a exposição apresenta um amplo panorama de sua produção “absolutamente singular” e “revela a complexidade de seu pensamento escultórico expresso em obras de grandes dimensões ou de pequeno formato, construídas a partir da diversa gama de materiais que caracteriza seu processo criativo”. – Paulo Venancio selecionou esculturas suspensas, de parede ou de chão, sem obedecer a uma cronologia linear. As obras são de acervos institucionais e de coleções particulares. – “Fiz questão de colocar, lado a lado, trabalhos de diferentes períodos, tamanhos e volumes. Cada sala tem uma unidade que se comunica com o todo. A proposta é apresentar o conjunto com certa liberdade, sem pautá-lo por eixos temáticos, deixando que o espectador encontre suas próprias referências a partir da multiplicidade de significados e inquietações que as obras evocam”, explica o curador. – A radicalidade experimental que marca a produção de Venosa manifesta-se em cada trabalho. Em sua poética, materiais recorrentes à prática da escultura tradicional, como o bronze, o mármore, o aço e a madeira, se fundem a ossos, dentes de boi, piche, areia, cera de abelha, bandagem, filamentos de café, galho de árvore, breu, fibra de vidro, gesso, tecido e arame. – Apesar do aspecto eminentemente artesanal de sua obra, o escultor sempre esteve atento às tecnologias digitais e, a partir de um determinado período, incorporou a impressora 3D à sua prática, sem deixar de lado os meios tradicionais. – Sobre esta fase, Paulo Venancio Filho escreveu, em 2013, no texto “A metamorfose dos corpos”: “Ficaram para trás as reminiscências do orgânico… É como se a escultura tivesse abandonado um período, um estágio do vertebrado para o seriado, do orgânico para o sintético. Do ateliê para o laboratório, um salto ‘evolutivo’ acompanha o andamento tecnológico do mundo. O acrílico, o recorte computadorizado do material, o seu ordenamento mecânico, preciso, irretocável, dos produtos em série” –.
Vendo ao noticiário e relendo os textos sobre a divulgação, até parece que se trata de algo magnífico. Principalmente quando se lê aos comentários do curador, você imagina estar diante da mais magistral exposição artística de todo o milênio. Quando olhamos ao que está exposto, retornamos ao noticiário e aos textos e questionamos a veracidade disto tudo. Sinto-me, neste momento, como se fosse eu, o menino no conto de Hans Christian Andersen, A Roupa Nova do Rei, denunciando a nudez, enquanto todos os demais anunciam a beleza que não existe. Bando de retardados. Diga você mesmo, o que vê quando observa a “arte” do Venosa? Eu digo o que vejo: um monte de porcariada empilhada ou pendurada na parede, ou jogada no chão, sem absolutamente nenhum sentido. Só servem para pegar pó, ocupar espaço, poluir a visão e passar de intelectual aquele que a “admira”. Patifaria sem valor algum. E quando se fala que ele acompanha a tecnologia e faz “obras” em 3D… o que vejo é um algo sem o menor sentido artístico, seguindo o progressismo caro e inútil, este ponto específico, não passa de algumas bobeiras produzidas em computador e impressas em impressora 3D. me diga o que há de interessante em algo que ele não fez. Sim, ele não fez. Imagine o processor “criativo”. Pega umas “paradas” sem sentido na internet e imprime em 3D. Qualquer retardado (e não estou falando de condição clínica, uso de forma pejorativa o termo), é capaz de copiar algo sem forma na internet, ou uma forma sem sentido e imprimir em uma impressora 3D, se tiver uma impressora 3D. E aquele emaranhado de arame, papel de filtro de café e badulaques que não representam nada, além da perturbação mental de quem o compôs. Mais perturbado ainda são os que assistem à “exposição” e se emocionam com a “beleza” da arte.
Seria covardia da minha parte, comparar esta exposição com uma única obra de Da Vinci, na pintura ou na escultura, ou a Pietà de Michelangelo, então compararei a ilustres desconhecidos, porém excepcionais escultores como Fco Javier Muñoz Boluda (munozboluda.com). Existem outros diversos que tem seu reconhecimento, mas não proporcional às suas qualidades, enquanto “artistas” como Venosa, são endeusados como se possuíssem alguma qualidade. Não possuem. E não me venham com aquela pataquara de “você não entende de arte”. O que eu não entendo é como pode alguém dizer “ual” para um monte de lixo sem o menor sentido e/ou expressão artística. Vamos parar de bancar os retardados e ficar, como no conto de Andersen, “olha que linda a roupa nova do rei”, quando ele está de fato, totalmente nu.
Agora, se deseja de realmente falar de arte, e vamos considerar o emprego de elementos parecidos com os empregados por Venosa, reaproveitamentos de descartáveis, lixo mesmo e a arte 3D, mas sem impressoras, tá ok! Vejo o trabalho do artista Bernard Pras (https://bernardpras.fr/), ele sim utiliza lixo e arte 3D com qualidade, não estas porcarias que o “jornalismo” insiste em plantar na mente empobrecida, que é arte, empobrecendo ainda mais a cultura humana. Valorizando o que não tem valor e descartando o que tem. São umas coisas feias, horrorosas, sem o menor sentido e valor artístico, mas endeusadas, cumprindo a agenda progressista da inutilização da inteligência.
Vivemos numa época moldada pela pergunta de Groucho Marx[1]: “Afinal, você vai acreditar em mim (no jornalismo) ou nos seus próprios olhos?”
[1] Groucho Marx, pseudônimo de Julius Henry Marx foi um comediante e ator estadunidense, célebre como um dos mestres do humor.
[i] Doutorando em Psicanálise pela Sociedade Internacional de Psicanálise de São Paulo, com ênfase em Logoterapia; Mestre em Teologia, pela Faculdade de Integração Teológica de Serra Talhada-PE, com ênfase em Noogenia; possui Graduação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Aplicadas de Cascavel-PR; Especialista em TCC – Terapia Cognitivo Comportamental-SP, com ênfase em Biblioterapia; Neuropsicopedagogia Clínica-RJ, com ênfase em Musicoterapia; e em Atividade Física e Saúde-MG, com ênfase em Protocolo Tabata.
Premiado no II Congresso Internacional CEFI de 2019.
Autor do livro O Problema do Corpo, da Mente e do Espírito: Ensaio Neuropsicoteológico da Noogenia, pela UICLAP Editora (https://loja.uiclap.com/titulo/ua32473/).
Atualmente é Servidor Público, Psicólogo da Prefeitura Municipal, pelo Centro de Especialidades da Secretaria Municipal de Saúde de Altônia-PR.
Professor e palestrante pelo Instituto Franco Garcia, de Altônia-PR e pela Escola Equipe, de Amambaí-MS.