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sábado, 23 de novembro de 2024

Primavera Africana, consequências da colonização francesa

Em 2011, a Primavera Árabe foi eclodida em forma de protesto e revolta popular,  face  à situação da miséria e falta de empregos, consequência da pressão  das autoridades e governantes árabes, e da força policial desproporcional contro o povo, levando finalmente à destituição dos dirigentes árabes, caso do  Zine el-Abidine Ben Ali da Tunísia, do Hosni Mubarak do Egito, e do Muammar Gaddafi da Líbia.

TalPrimavera Árabe veio então a reforçar no continenteafricanoos sucessivos golpes militares, no Sudão,  no Mali, duas vezes, do Chade, após a morte de Idriss Deby, na Guiné, Setembro  2021, ou no Burkina Faso, Janeiro e Outubro  2022, além de outras tentativas infrutíferas de golpes em Guiné Bissau, Níger, Costa do Marfim, e recentemente, 2023, no Níger e Gabão.

A pergunta que persiste é se África no sul do Saara não está a regressar aos golpes militares, marcando uma ruptura com a tradição democrática, que parecia tornar-se a estratégia dos estados da África Ocidental.?

A Primavera Africana,  buscando libertar-se do antigo “colonialismo francês”,  das “formas modernas de dominação e exploração”, firma-se gradualmente, graças aos sucessivos golpes militares dos regimes dominantes, contro os aliados de França.

Após a destituição do presidente nigeriano, Mohamed Bazoum, julho passado, na sequência de um golpe de Estado, succede hoje o presidente do Gabão, Ali Bongo, aliado tradicional da França.

Foi aquilo que os especialistas o chamam de “a mente colonial imposto”, ela retrocede gradualmente nos países africanos, rejeitando a hegemonia da França sobre os recursos vitais de África, onde o Gabão constitui o quarto maior país da África Ocidental em termos de produção de petróleo, gás, além de ser um país rico em manganês e diamantes.

Assim pode dizer que isso constitui o início para os prejuízos a França, cada vez mais claro, as ações das companhias e da mineradora francesa “Eramit” retrocederam e caíram, devido á suspensão das atividades de produção no Gabão, e a nível de 18%.

O golpe de Estado no Burkina Faso do ano passado transmite os primeiros sinais do fracasso da “Operação Burkhane” militar para o Palácio do Eliseu da França, ou seja, o início da perda francesa da  influência na região do Sahara e Sahel.

Tal declínio tornou-se uma  realidade amarga para o Presidente Emmanuel Macron, acusado pela elite política de não conseguir gerir muitas questões no continente africano, consequência da humilhação e declínio do papel francês na África.

 África sem a França

O início do golpe militar africano denuncia o rol da mídia e meios de comunicação franceses para perturbam o processo, interferindo nos assuntos africanos,  desenhando um novo continente, objeto do novo mapa geopolítico sem a presença francês, uma vez que a presença francesa em África agrava mais ainda a crise política, mantendo a mesma abordagem colonial contra vontade do povo, da indiferença francês e política objeto do empobrecimento dos povos africanos, e enriquecimento do povo francês.

Tal golpe militar só iria reforçar  inevitavelmente as tentativas de desenterrar o comportamento amador da França, face ao atoleiro africano, caso do Ali Bangu, aliado tradicional do Eliseu, além dos sucessivos golpes de Estado que foram explodidos contra a exploração francesa. Um passo para enterrar definitivamente a era francesa na África, e os últimos redutos tradicionais, um após outro.

Tais golpes constituem, por outro lado, inevitavelmente um choque para a diplomacia francesa, sem nenhuma ideia para mudar os mecanismos de contatos com os povos africanos, nem retórica da dominação, face aos protestos populares, revoltantes contra a França, e a classe militar que encaminha suas ações, torpedeando os regimes dominantes, uma justificativa política contra qualquer presença francesa na região.

Assim, a França enfrenta muitos problemas políticos e sociais, consequência do Gabão, ele detém um crescimento económico, através de milhares de milhões de dólares provenientes de investimentos franceses; onde o Eliseu fica preocupada em como suportar o impacto na região do Sahel, devido aos discursos de arrogância, e do risco de  perder tudo.

 França acusada!

A perda de posição francês na África continua em escala, mesmo se o golpe no Gabão permanece vago e ambíguo, seus fios indefinidos, necessitando desmantelar os segredos e manobras da França uma vez para com o golpe militar e outra em relação a Ali Bango, acusado de manter uma aliança com a China nos últimos anos, verdadeira ameaça para os interesses francês.

As empresas francesas suspenderam as atividades no Gabão, mas sem prejudicar a companhia Total Energy e outras economias, face aos Estados Unidos da América envolvidos, procurando nos últimos anos uma nova posição na costa africana, cobiças estrangeiras criticadas. Motivo dos golpes, orquestradores, da participação, do apoio ou das iniciativas da desordem francês.

Assim, a relação entre a França e as colônias tornou-se instável, jogando sobre cordas, de modo a perder ou influenciar parceiros ou atores importantes, a exemplo de presidente eleito, ou da oposição dos militares próximos do regime francês, ou ainda dos interesses alheios na região, motivo do recuo político e da influência econômica na região do Sahel, podendo levar Paris a pensar em novas saídas, dentro do continente, a título de colônia histórica.

Concluindo, o fato de sitiar os meios de comunicação pode traduzier o truque francês ou astuto, no sentido de dissipar a ilusão de que não tem nada a ver com os acontecimentos no continente africano, sobretudo nas regiões francófonas. Onde o debate sobre os golpes continua ambíguo, e os próximos dias são capazes de responder sobre o futuro do golpe, a presença francesa, ou ainda a ligação do golpe militar diretamente ou não com elementos franceses.

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário- Rabat, Marrocos

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