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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Por Onde Passo Só Voa Pena!

E eu lá sabia que o Groselha tinha um irmão (Roque) rockeiro com banda e tudo? Aceitei o convite para assistir ao show Por Onde Passo Só Voa Pena, por gostar do estilo e não ter outra opção naquela noite. Não sei como conseguimos chegar ao local, “no caminho” de muitos sítios em meio a tantas estradas e entradas (todas de terra), na brasília com um único farol (baixo) e uma chuva (por que será que sempre chovia –e muito– quando ele estava por perto?) daquelas.

A aparência externa do local só perdia para a interna. Para ser bondoso, era uma espelunca de quinta categoria (sem contar que a “casinha” ficava um bocado longe). Fomos os primeiros a chegar. De cara o balcão e à esquerda, mesas de frente para uma pista e o palco. Aos poucos fomos descobrindo aonde não havia goteira e (já molhados) nos instalamos. O show seria às 21h, mas 19h30 já estavam no palco alguns músicos (?).

O que parecia ser a banda de abertura era a única da noite, e afinaram os instrumentos até chegar a hora da apresentação. Grosa me disse que a “casa” nunca estivera tão cheia. Contei (duas vezes) e comigo, éramos seis. Para acompanhar a cerveja (quente) havia uma única opção em salgadinhos, tão duros que precisavam ser “roídos” … ô tristeza! A Banda Seca (antiga Couve-Flor) comemorava então dois anos de formação, com sons de Sabbath, Zeppelin e Purple, além de uma composição própria. Tudo (absolutamente) sofrível. A letra da banda falava sobre plantio, colheita (por que não me surpreendi?), este tipo de coisas.

Além do ruído, digo, som, os efeitos especiais ficaram por conta de algumas galinhas que cruzavam o palco de vez em quando além de um sujeito que, descalço, apagava todas as pontas de cigarro atiradas ao chão. Não via a hora que “aquilo” acabasse. Foi quando o líder da banda anunciou o encerramento com uma homenagem a uma dupla sertaneja. Pensei em Tonico e Tinoco ou Pena Branca e Xavantinho mas não eram eles. “Desembrulharam” um enorme pôster de uma dupla que desconhecia.

Além de não conseguir entender a relação de uma coisa com outra, uma homenagem a uma pseudo-dupla sertaneja era demais para mim. Já ia me levantando para ir embora quando prestaram a devida homenagem: uma verdadeira “sova” de guitarra, baquetas e sapatos sobre o pôster além de uma gritaria ensurdecedora. Adorei !!! A partir daquele momento mudei meu conceito sobre a Banda Seca (eles têm estilo!). Não pude deixar de cumprimentá-los e conversamos demoradamente. Como o único farol havia pifado tivemos de esperar o dia amanhecer, justamente na casa do vocalista e líder Roque, que morava com a sogra, pessoa simples e encantadora. Saímos de lá “abastecidos”.

O negócio agora era descansar para acordar bem cedo na segunda. De acordo com o Grosa, os frangos e galinhas que me deram deviam ser tratados logo pela manhã.

Autor:

Miguel Arcangelo Picoli é autor do livro Momentos (contos) e Contos para Cassandra (em homenagem à escritora Cassandra Rios).

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