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sábado, 31 de agosto de 2024

Um dia ordinário. Rotina?

Quinta-feira. Nada extraordinário. Acordei, fui para escola, passei a manhã inteira na sala de aula entendendo como se balanceia palavras (ou melhor, equações químicas) e aprendendo o porquê da minha intolerância à lactose. Bate o sinal: horário de almoço. Após a refeição que me faz feliz todos os dias, resolvi fechar com a cereja do bolo: um expresso.

Me dirigi ao café na esquina da escola, atendentes excepcionais. Conversa vai, conversa vem. Manuela, barista do café, me ofereceu uma bebida de autoria própria: matcha, gelo e schweppes. “Como uma bebida tão simples consegue ser tão gostosa?”, pensei alto. Manuela riu, mas não falou nada. Para não perder o gancho da conversa, comentei: “Por que você não sugere ao dono da empresa para adicionar essa combinação no cardápio?”. Rapidamente, me respondeu em um tom sarcástico: “E você acha que eu tenho o contato do dono?” Ambas rimos, a cumprimentei e fui embora.

Ao longo da tarde, me veio a lembrança de um vídeo: uma campanha de marketing de Nova Iorque fazendo uma crítica a atitudes machistas que nem percebemos. Haviam dois cartazes, um escrito “Imagine um CEO” e o outro “Imagine alguém chorando no escritório”. Abaixo de cada frase, respectivamente, estava: “É um homem?” e “É uma mulher?”.

Conforme este anúncio me veio à cabeça, a sala de aula que estava tão barulhenta quanto um conserto: gritarias, furadeiras, materiais de obra caindo; se tornou em instantes, um concerto musical: silêncio. Por que associei a pessoa responsável pela criação da empresa como um homem? Por que ambas associaram um homem sendo dono da empresa? Poderíamos ter divergido a resposta: eu supor que era um homem e ela, uma mulher. Mas não, nós duas, involuntariamente seguimos a mesma linha de pensamento.

Por que será que cometemos este mesmo ato? Pode se dar pela falta de figuras femininas em livros escolares? Falta de figuras de sucesso feminino em vossos dias? Será a irregularidade da mídia de mostrar mulheres em posição de liderança? Ou por carregarmos um preconceito de profissões? Elas são incapazes ou sabotadas?

Carreguei o pensamento até a última aula. Saí da escola e escutei a conversa de duas mulheres, aparentemente discutindo sobre um banco novo: “A Nubank é incrível, não tem que pagar taxa de anuidade nem nada. O dono deve estar ricaço”. Indaguei ao escutar, que mesmo sendo uma mulher a criadora da marca, ainda assumem que foi um homem. De novo. Será que algum dia vai mudar, ou será uma rotina?

Autora:

Riebeck I.R

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