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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Teísmo, ateísmo e agnosticismo: “qual posicionamento é o certo?”

Comecemos com um resumo desses conceitos:

1- Ateísmo

É um termo de origem grega (atheos) que significa “sem Deus”. Convém ressaltar que o termo se originou com conotação negativa em relação ao socialmente estabelecido, por referir-se à rejeição aos deuses estabelecidos e adorados pela sociedade.

2- Teísmo

Doutrina comum às religiões de matriz monoteísta e sistemas místico-filosóficos, em que predomína o fideísmo, afirmando a existência de somente um Deus, de caráter pessoal (possuidor de atributos humanos, com a diferença de não serem limitados nem crescentes, pois a totalidade insuperável precisa ser inerente a Ele) e transcendente, soberano do Universo e que relaciona-se com o ser humano.

3- Agosticismo

Termo do Grego agnostos, que se traduz “desconhecido”. Refere-se à linha filosófica que melhor exprime o carater de imparcialidade que o filosofar genuíno precisa ter, sob qualquer tema, caracterizando toda linha conceitual que considera impossível o conhecimento da realidade que se supõe existir para além da experiência sensível, o que inclui a existência e a não existência de “Deus”.

Partindo do ateísmo, podemos desenvolver e explicar com clareza a questão implicada nessas três vertentes. Sendo assim, comecemos por este ponto e prossigamos: ateísmo é uma “crença ao contrário”, visto que a existência de Deus e também a Sua não existência não se pode demonstrar. Aliás, “demonstrar a negação” é impossível. Se digo “isto não existe”, na própria expressão “isto” já reconheço uma existência, ainda que apenas conceitual, e no que refere-se a não existência de Deus, seria necessário, por exemplo, “encontrar o Deus não existente” para poder dizer: “Olha lá! Eu lhe falei que não existe Deus e eu estava certo!”. Obviamente que tal seria impossível. A posicão mais acertada é a do agnosticismo, que reconhece os limítes da razão e que, inclusive, “o mundo humano é predominantemente linguístico, ou seja, criado pelo próprio homem” na sua relação com a realidade em si, isto é, a partir daquilo que chamo de experiências sensoriais mnemônicas.

“Deus” _independentemente da existência ou não de um Ser Superior_ é apenas um conceito sobre a hipótese da referida existência. Relaciono-me, sempre, não com “a coisa em si”, mas com “a coisa em mim”, com “a minha interpretação sobre a coisa em si”. A razão é predominantemente interpretativa, jamais apreendendo plenamente a realidade circundante. A realidade circundante é, sempre, em maior ou menor grau, alterada, adaptada às necessidades do homem.

Considero importante destacar os principais pontos falhos do teísmo, principalmente de predomínio juidaico-cristão:

a) Omnisciência.

Omnisciência (saber absoluto sobre todas as coisas, incluindo aquelas que ainda existirão e aquelas que poderíam existir) é, pelo homem _tão limitado em seu saber_ atribuído ao hipotético Deus, como característica inerente. Mas, todo e qualquer saber pressupõe o não-saber, a dúvida, como “ventre em que o saber é gerado e do qual nasce”. Saber é um processo, é ação, “movimento racional na direção de algo sobre o qual se quer conhecer”. Assim sendo, um “saber absoluto” sobre todas as coisas, passadas, presentes, futuras e sobre as que jamais serão, é impossível, pois não podería, nisso, haver o “pensar”, e como o pensamento, o raciocínio, só é possível a partir daquilo que se ignora, Deus, entendido assim, como absurdamente Omnisciente, sería incapaz de qualquer pensamento, assemelhando-se a uma “força impessoal”, como um “fenômeno”, uma “Toda-Poderosa Força” incognoscível a si mesma. Aliás, a palavra “cognição” é “ato de conhecer com”, isto é, denota o “conhecimento inter-relacional”. Não há conhecimento sem a relação entre o observador e o objeto. Ambos afetam-se mutuamente. Essa análise leva-nos a outra falha do teísmo:

b) Omnipresença.

Sendo, a cognição, uma “ação de conhecer”, faz-se necessário um “lugar de ignorância”, um “ir de um ponto a outro”, um “procurar”.

Tendo que ser, a Omnipresença e a Omnisciência, características interdependentes, inerentes uma à outra, visto que, para um saber absoluto, abarcando toda a temporalidade, é preciso “estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo”, seria impossível o saber absoluto sobre todas as coisas, pois “Omnipresença impossibilita qualquer ação, qualquer movimento”; só é possível mover-se a algum lugar e, para tal, é necessário nele primeiro não estar.

Muito se crítica o agnosticismo, como sendo uma “indecisão”, um “ficar encima do muro”. Fato é, que somente “de cima do muro” se pode ter “visão perfeita de ambos os lados”. A posição agnóstica é de prudência, é a do pesquisador genuíno, que não se deixa prender em um ou outro “lado”, e por estar, assim, livre, observa-os muito melhor… Quando não é seguro estar em um dos “lados”, manter-se “encima do muro” é atitude mais que inteligente!

Muito há para discorrer sobre os conceitos aqui apresentados e analisados. Mas considero que, o que até aqui foi exposto, seja suficiente para um bom entendimento.

Autor:

Cesar Tólmi – Filósofo, psicanalista, jornalista, pós-graduando em Neurociência Clínica e MBA de Recursos Humanos, Coaching e Mentoring, artista plástico, escritor e idealizador da Neuropsiquiatria Analítica, integrada aos campos clínico, forense, jurídico e social.

E-mail: cesartolmi.contato@gmail.com

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