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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Lidando com a rejeição

Lidar com a rejeição é um dos mais profundos percalços que uma pessoa pode passar. Certa vez, estava eu me abstendo de armaduras para sentar-me ao lado de pessoas que julguei amar-me, sentei-me quando fui recebida com a doce frase: “Vai embora!”, amargas lágrimas queriam descer subitamente pelos meus olhos, quando por alguma força mística resisti fortemente a esse desejo; recoloquei as armaduras, me retirei do local e sentei calmamente sobre a relva enquanto docemente a luz do sol me assistia, de repente ouço um som; meus ossos estremecem, algo acorda dentro de mim. Seria o meu espírito? Ou vozes dos meus antepassados que tomaram o meu corpo? Sinto meus músculos crescerem e meu olhos saltarem o rosto.

– Uma aberração! (internalizo pensamentos)

Gritos de horror saem da minha boca. Acordo; não consigo recordar o que aconteceu depois daquela sensação horrenda da noite anterior; um vazio me consome; leio o jornal…

Algo me diz que um fantasma se põe a postos, espreitando as minhas conversas e esperando um lapso de tempo para agir, tomando o comando da fina extensão de neurônio que ainda reside em mim.

Desde a minha pequenez, fui conhecida pela beleza de uma criança quieta. Ora, antes soubessem que a quietude veio da percepção de que estava incomodando; sentia-me como se a rápidos passos a minha mente tragasse a si própria, na tentativa de prender dentro de si a ira ou a angústia, tornando o meu corpo inerte.

Volto-me para o jornal…percebo de certo que o mundo gira em torno, da rejeição, pasme. respiro; engulo seco, reviro os olhos, batem na porta, levantei-me vagarosamente, ainda que bufando, largo o jornal e sigo para abrir a porta; abro.

-ahhhh! Dou de cara com um cachorro, aparência cadavérica, assusto-me levemente, mas não vejo o seu dono.

Fecho a porta, algo me diz que subitamente aparecerá alguém com aparência macabra em minha frente, acerto; mas é no jornal que acabei de apanhar e virar para a segunda página. – Uf. Respiro. Ainda que um pouco sujo, o jornal continua em minha mão, são nove horas da manhã, sigo para passar um café…apoio o jornal na bancada. Retiro a cafeteira da estante, ligo-a e faço todos os procedimentos necessários para um bom café ( sempre coloque três colheres de café, extra forte, de preferência), 7 minutos e está pronto.

– Vou colocar na garrafa! Digo já pegando o café e fazendo o procedimento, quando descuidadamente derrubo o café sobre o jornal.

– DROGA! Expresso descontroladamente enquanto pego o jornal para sacudi-lo na intenção de tirar o excesso de água. Há algo de singular em pensar ser capaz de retirar a água do papel, cremos que o balançar irá fazer com que os pingos voltem ao seu estado anterior. Molhado o jornal não me serve mais, desisto de retirar a água do café que ele tinha absorvido. descartando-o na lixeira que fica a frente da minha casa, rejeito o jornal.

Dois dias se passaram e eu não sei o que fazer; levanto-me para exercitar-me, visto-me, abro a porta. Lá está ele, o jornal, sinto uma tristeza. Jamais retornaremos ao estado anterior. Nem eu, nem o jornal.

Autora:

Elen Paz

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