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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Um preconceito ignorado: você sabe o que é Etarismo?

Com um caso recente de preconceito contra pessoas mais velhas, o Brasil voltou a discutir esse tema

São Paulo, maio de 2023 – Recentemente, duas jovens viralizaram ao caçoar de uma colega de 45 anos na faculdade, menosprezando o fato de estar estudando com essa idade. O fato, no entanto, é fruto de uma intolerância pouco comentada, o etarismo, também chamado de ageísmo, que é a discriminação e preconceito pela idade das pessoas.

Todo mundo já ouviu que uma pessoa está ficando velha para fazer algo ou que está fora da idade para isso, mas a realidade é que nesse discurso está inserido em uma lógica preconceituosa. Para se ter uma ideia, um estudo feito pela OMS mostra que 16,8% dos brasileiros acima dos 50 anos já se sentiram discriminados por estarem envelhecendo.

Segundo a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, Vanessa Gebrim, esse preconceito tem efeito na saúde mental. “Essa exclusão da sociedade afeta a saúde mental, já que as pessoas mais velhas recebem continuamente sinais de não aceitação, desprezo, falta de respeito, agressões e humilhações – simplesmente pelo fato de terem envelhecido”, explica.

Reconhecendo o ageismo 

A importância de lutar contra o etarismo é garantir a participação de pessoas mais velhas da sociedade e entender que elas ainda podem trabalhar, estudar e se divertir. “Esses comportamentos nocivos que ainda estão presentes em nossa cultura contribuem e muito para o sentimento de inadequação, consequentes problemas emocionais, isolamento social e até mesmo servem para silenciar a pessoa idosa. Ter seus direitos reconhecidos e espaços conquistados na sociedade passa a ser uma luta, que precisa ser reconhecida e considerada todos os dias por toda a sociedade”, indica.

Isso é uma consequência da relação antagônica intergeracional, que afeta a convivência com um todo. “Na sociedade moderna, em que jovens estão cada vez mais desvinculados dos idosos, surge a preocupação em resgatar laços entre as duas gerações, aliando a sabedoria e experiência de vida dos idosos com conhecimentos da vida moderna dos jovens. Muitas vezes o idoso é visto pelos mais jovens como alguém sem expectativas de vida, sem maiores oportunidades na sociedade e que acaba sendo alienado ao que lhe é proporcionado, sendo muitas vezes ligado à visão de incapacidade física e doença”, alerta Vanessa.

A chave para a mudança está em uma educação libertadora e livre de preconceitos, que incentive o diálogo. “O educador deve realizar uma abordagem sobre envelhecimento baseada em conceitos, percepções e vivências existentes no universo dos adolescentes e assim levar para os jovens a construção ou fortalecimento de concepções positivas sobre a velhice”, mostra.

Já para os idosos que sofreram ou sofrem com o preconceito, é possível ressignificar esse trauma. “A psicoterapia pode ser uma facilitadora deste processo, auxiliando o indivíduo a uma melhor adaptação a esta nova fase da vida, fortalecendo-o para um melhor enfrentamento das suas demandas. Contribuindo para que ele compreenda as mudanças que estão ocorrendo, encontre alternativas para lidar com elas, e que possa reconhecer a sua identidade nesta nova etapa da vida”, indica Gebrim.

Além disso, caso o preconceito aconteça, o brasileiro pode usufruir do Estatuto do Idoso para sua proteção. “Vale lembrar que a pessoa que sofrer qualquer tipo de discriminação deve fazer uma denúncia junto aos conselhos municipais do idoso. No Brasil, há o Estatuto do Idoso que determina a reclusão e a multa em casos de discriminação”, finaliza Vanessa Gebrim.

 Sobre Vanessa Gebrim 

Vanessa Gebrim é Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.

Autora:

Isabelle Rocha

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