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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Pão francês

Aquelas mão hábeis pegavam, com a ajuda de um pegador, os 4 pães franceses que eu sempre ia buscar aos sábados pela manhã, os embrulhava com um papel cinza, que ia sendo virado e dobrado até que se transformava num embrulho, como se fosse de presente, as 2 pontas que se formavam eram colocadas juntas e um barbante passava por elas, as segurando naquela posição, depois o barbante passava por cima de si mesmo, em cruz, para se encontrar novamente e formar um nó seguido de um laço. Sem a ajuda de nenhuma ferramenta, as mãos, com suas próprias forças, arrebentavam o barbante sem dificuldade alguma, eram mãos calejadas e grossas, mas com unhas sempre bem feitas e com aquele brilho da base. A boca se abria em um sorrisinho meio tímido e dizia: “- Obrigada, meu filho! Até semana que vem!”. Eu também agradecia e dizia: “- Até!”. O pão se parecia um pouco com ela, a casca era meio dura, mas o seu interior, bem macio e quentinho. Nossas interações nunca passaram disso, nunca se alongaram, mas eu me sentia como se estivesse conversando com a minha avó.

Quando eu era criança, os estabelecimentos tinham um atendimento menos apressado, menos mecânico, menos robótico, as pessoas que trabalhavam no comércio eram mais humanas e o ambiente era mais acolhedor, menos hostil, como se quisessem que a gente ficasse um pouco mais, diferentemente dos estabelecimentos de hoje em dia, onde parecem querer que a gente vá embora logo e dê lugar para o próximo cliente. Nos dias de hoje, as avós sumiram do comércio e os pães parecem sempre estar murchos, frios e meio crus.

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