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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Criança tem remissão de leucemia graças a tratamento com sangue de cordão umbilical

Foi divulgado essa semana em diversas partes do mundo, o caso de Sarah, uma garota de 8 anos de Cornwall, Inglaterra, que recebeu o diagnóstico de leucemia mielóide aguda quando tinha apenas quatro anos.

Mesmo após múltiplos tratamentos, incluindo quimioterapia e transplante de medula óssea, a doença resistiu a todas as intervenções médicas. Contudo, a vida de Sarah foi transformada por um tratamento experimental inovador com sangue de cordão umbilical, realizado no Hospital Infantil Royal Manchester. 

Durante um ensaio clínico de dois anos, crianças que não obtiveram resultados com tratamentos convencionais foram submetidas a um transplante de células-tronco provenientes do sangue do cordão umbilical, acompanhado de múltiplas transfusões de glóbulos brancos para intensificar a luta contra o câncer. Sarah foi uma das dez crianças que participaram desse estudo pioneiro. 

Simona, a mãe de Sarah, celebra a recuperação da filha, enfatizando que o tratamento possibilitou que Sarah voltasse a aproveitar a vida plenamente, ela está em remissão há um ano.

Os dados deste tratamento foram publicados no British Journal of Haematology, despertando interesse e incentivando a expansão do estudo para beneficiar mais pacientes no Reino Unido.

O diretor do programa pediátrico de transplante de medula óssea do hospital, Professor Rob Wynn, confirmou a eficácia do tratamento experimental, adicionando que os pesquisadores estão ansiosos para prosseguir com o estudo e aprimorar o tratamento, com o objetivo de curar mais crianças com leucemia refratária. 

Dr. Nelson Tatsui, Hematologista da Criogênesis e do Hospital das Clínicas da FMUSP, comenta: “O sucesso desse protocolo britânico está ligado à presença de linfócitos T, que existem em diferentes produtos de terapia celular. No entanto, no sangue do cordão umbilical, a função anti-leucemia dos linfócitos T é muito mais eficiente e não traz os efeitos colaterais indesejados encontrados nos linfócitos T derivados de adultos. Esse procedimento é usado com sucesso desde 1988, quando foi realizado o primeiro transplante de sangue de cordão umbilical no mundo.

Neste caso, o grupo britânico conseguiu estimular de forma original a ação dos linfócitos T do sangue de cordão umbilical por meio da infusão sucessiva de granulócitos, outro subtipo de glóbulos brancos. Somente o sangue de cordão estimulado por granulócitos tem demonstrado curar essas crianças sem efeitos colaterais. Este sucesso é uma lembrança para os pais sobre a importância do sangue de cordão umbilical”. 

Dr. Nelson Tatsui é Hematologista e Hemoterapeuta pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, médico do Hospital Dia Aférese do HCFMUSP e médico responsável da Criogênesis (um dos primeiros bancos brasileiros de coleta e armazenamento de células-tronco do Sangue de Cordão Umbilical).    

Autora:

Gabriella Torres

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