Escrevo esta carta como um desabafo por tudo que vejo nas relações entre pais e filhos. Não leia como um ataque, e sim uma possibilidade de reflexão. Baixe a guarda. Todos sabemos que os pais sempre tentam dar o seu melhor, mas o seu filho tem o direito de se desenvolver, de errar, de aprender coisas novas e o mais importante: aprender a se virar a partir de determinada idade.
A cada movimento que você dá em direção à tomada de decisão por ele, colocando-o no lugar de incapacitado de fazer as coisas, você poderá tornar a vida desse jovem adulto mais adoecida em um futuro breve.
Quanto mais reforçamos o medo, mais vulneráveis esses jovens podem passar a ser. O medo faz parte da vida. Com o medo nos desenvolvemos, ficamos mais atentos, podemos amadurecer e não apenas paralisar. E assim sermos capazes de criar estratégias funcionais.
Entenda que esse jovem precisará se relacionar com outras pessoas, iniciar uma faculdade, um estágio e até mesmo um emprego. Você nasceu sabendo tudo ou foi aprendendo na tentativa e erro?
Ser pai/mãe não é colocar os filhos em uma redoma de vidro. Acolher precisa ser diferente de tolher. O seu filho tem o direito de errar, de construir sua própria vida, de se fortalecer para ser um bom profissional, uma boa pessoa e, no futuro, um bom pai ou uma boa mãe. E você, enquanto mãe/pai, pode deixar claro que estará ali para quando precisar ter um colo, um afeto, um acolhimento, um direcionamento.
Pense no quanto de prejuízo esse jovem colherá ao entrar na vida adulta. Ensine-os a serem corajosos, a interagirem, socializarem. Permita-os errar.
Autora:
Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e Doutora em Psicologia Social
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