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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

O verdadeiro retrato de Francisco

Texto antigo e pintura surpreendente foram determinantes ao experimento

Após apresentar ao mundo a reconstrução dos rostos de Maria, mãe de Jesus, da Virgem de Guadalupe e da Mona Lisa, o pesquisador e designer, Átila Soares da Costa Filho, pós-graduado em Arqueologia e Antropologia, recorre novamente à História e à inteligência artificial para revelar como teria sido o mais célebre dentre todos os santos da Cristandade: Giovanni di Pietro di Bernardone, ou São Francisco de Assis (1182-1226). Agora, as bases para o experimento foram, sobretudo duas: A primeira, uma pintura anônima, contendo a inscrição Fraciscu, e oriunda do mosteiro dos padres beneditinos de Subiaco, Roma. A segunda, um texto do primeiro biógrafo e amigo pessoal do santo, o franciscano Tomás de Celano (1185-1260).

No caso da pintura, trata-se da mais antiga a retratar Francisco, e teria sido realizada tomando-o como modelo vivo durante sua visita ao mosteiro entre 1220 e 1223. De fato, na representação, o santo se apresenta sem auréola, um atributo concedido apenas em caráter post-mortem; assim como sem os emblemáticos estigmas – estes surgidos no ano de 1224. Sobre os textos de Tomás de Celano, foram redigidos em 1228 para compor sua obra, o Prima Vita – comissionada pelo Papa Gregório IX.

De acordo com Átila, além de algumas ferramentas de I.A. e softwares de edição de imagens, foram consideradas várias questões artístico-históricas a fim de se conseguir um resultado mais fiel ao que a experiência se propunha. Uma delas foi tentar descartar os traços estilísticos da pintura, fortemente padronizados em estilo bizantino, e promover uma combinação factualmente razoável entre a mesma e as descrições, por vezes conflituosas de Tomás de Celano – como, por exemplo, os “olhos negros”. Completa o autor do projeto: “E eis que surge a imagem daquele que, por unanimidade, é tido como o humano que mais se aproximou da figura de Cristo. Um devoto ardoroso da Virgem. O primeiro ecologista da História. O que se fez o menor dentre os menores para alcançar o patamar da maior glória. Que esta nova imagem sirva, em meio a milhares de outras representações, para somar e inspirar a todos nós”.

Autor:

Átila Soares da Costa Filho é licenciado em Desenho Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e possui pós-graduação em História, Filosofia, Antropologia, Sociologia, História da Arte, Arqueologia e Patrimônio. Autor de 5 livros e vários artigos publicados em mais de 100 países, é membro do comité científico da Mona Lisa Foundation (Zurique), da Fundação Leonardo da Vinci (Milão) e do Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Roma).

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