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domingo, 17 de novembro de 2024

O Herói de Granville

Num reino muito distante havia uma aldeia chamada Granville. Habitada por poucos moradores, que na sua maioria, viviam da lavoura, e de pequenas criações. Nela morava um jovem, de nome Rafael, e sua avó. Ele era muito bonito, cabelos pretos e olhos que lembravam o brilho de duas pérolas negras.

Moravam em uma casinha pequena, à beira de um riacho. No quintal tinha árvores diversas, bananeiras, limoeiros, e um pequeno jardim. Uma pequena criação de animais compunha o cenário. Entre eles, dois cachorrinhos filhotes; meses de vida, um de cor marrom, e outro malhado de preto e branco – com eles, Rafael brincava e tratava com todo carinho quando chegava das aulas. No quintal havia também um forno de barro, onde sua avó assava deliciosas broas e bolinhos que reforçavam o café da manhã.

Rafael, além de ajudar a avó nas tarefas da casa, quase todos os dias pescava caras, traíras e lambaris, no cristalino riacho que passava aos fundos do quintal. Era parte do cardápio da pequena família, quase sempre.

Esforçado, nosso protagonista não perdia um dia de aula, só quando sua avó ficava doente. O que era raro! Dona Margarida com seus setenta anos de idade, esbanjava saúde. Não sabia o que era doença.

Seu avô, fora um grande comerciante na aldeia, tinha uma pequena loja, que vendia materiais de construção e afins. Morreu aos setenta e cinco anos de idade num acidente.

Sua escola ficava no final da rua. Era uma grande casa, um casarão antigo, cor azul, com um grande pátio de terra, onde os alunos brincavam na hora do recreio. Futebol, rodar pião, bolinha de gude, amarelinha, e queimada, eram os preferidos deles e delas.

Todos os dias, meninos e meninas se divertiam lá, sob os olhos de um monitor.

Nosso jovem, além de bons amigos e amigas, era um dos mais queridos dos professores e professoras. Muito inteligente, nunca deixava de fazer as tarefas dadas em aula, e àquelas para fazer em casa.

Rafael foi crescendo, cercado pelo carinho dos professores, e do amor da avó.

É claro que algumas brigas aconteceram, mas Rafael sempre tentava se manter afastado de encrencas.

Veio o primeiro ano, o segundo, o terceiro…, e foi no quarto ano que Rafael revelou todo seu potencial. Todos os professores sabiam que ele ia bem em todas as matérias, especialmente em matemática e história.

Chegara o dia das Olimpíadas de matemática. Ano que os professores esperavam o melhor de seus alunos. Prova de fogo para quem participava. Este ano, a concorrência estava acirrada. Muitos alunos eram bons em matemática. Pouco antes das provas, caiu uma chuva torrencial, quase que ele não chegava no horário. Foi por um triz. Rafael fez as provas. Quando corrigidas… A melhor nota foi a dele, primeiro lugar na média…agora, então o melhor de Granville teria que disputar a próxima etapa, seria representar Granville contra todas as escolas do reino. E eram muitas. Que responsabilidade! Essa segunda etapa não seria fácil. Existia muitos alunos crânios em matemática no reino.

Rafael foi o primeiro lugar na primeira etapa, e com muito orgulho a professora Rita lhe entregou o troféu, com um forte abraço, desejando-lhe sucesso na segunda competição, que definiria o melhor do reino.

Sua avó em lágrimas comemorou, a grande conquista do neto, e disse vamos rezar muito, mas sei que você é inteligente e tem grandes chances de vencer essa próxima etapa também. Uma final – aldeia, contra aldeia.

– Chegou o grande dia. Rafael acordou e se levantou muito pensativo. Tomou seu café da manhã. A prova seria as treze horas. Estava inquieto. Uma pitadinha de medo. Muito nervoso, sentindo o peso da responsabilidade, Rafael chorou sem lágrimas. Pensou em desistir. O nervoso tomava conta de seus pensamentos. Mas pensou na decepção que daria a sua avó, que tinha tanto orgulho dele. Ajoelhou-se ao pé de sua cama, e fez uma prece a Deus, e depois se concentrou – pensamento positivo Rafael, disse pra si em silêncio! Vou conseguir…Não posso decepcionar meus professores, meus amigos, e principalmente minha querida avó!

Chegou na porta da escola trinta minutos antes. A espera parecia não ter fim. Os ponteiros do relógio, ficaram lentos. Parecia que não se mexiam… E então um solavanco no coração palpitante. O sinal tocou. Os portões se abriram. Ele foi para a classe e sentou-se vagarosamente, numa carteira da primeira fila. Início da prova… Ainda nervoso, Rafael primeiro leu toda as questões. Começou a resolver àquelas que ele achava mais fácil – foi se acalmando. Depois foi para as mais difíceis. Aí foi adiante. Uma a uma. Respondeu todas! Foi o último a entregar a prova.

Foi para casa, meio inseguro. Pode ser que errei uma ou outra questão. Mas acredito que não. Pensou… meus concorrentes são muito bons em matemática. Tenho que ter acertado todas as questões!

O prazo para sair o resultado era de uma semana. Seriam dias agoniantes até lá.

Ele, voltou à rotina. Na escola só elogios, dos professores, e dos colegas. Samira, João e Guilherme, seus amigos mais próximos o tranquilizavam. Fique tranquilo! Você é o melhor da turma em matemática. Vai se sair bem. Temos certeza de que você será campeão da Olimpíada de matemática do reino, este ano.

Na escola, nas ruas de Granville, por onde passava ouvia. Campeão. Nosso campeão! Estamos com você.

Chegou o grande dia. Como ele não tinha, computador, televisão, Internet, ligaram a rádio do reino à espera da divulgação do resultado. Claro que junto com seus melhores amigos, e a avó. Todos com os ouvidos colados na rádio.

Foi uma gritaria danada, quando o locutor pronunciou; o primeiro lugar na Olimpíada de Matemática deste ano no reino é da Aldeia Granville…o nome do aluno é.…Rafael, com a nota 9,8.

O segundo lugar para a capital do reino… ninguém ouvia mais nada, todos abraçaram Rafael. Um abraço circular entre eles selou toda aquela alegria. Gritavam e gritavam para quem quisesse ouvir. Campeão! Campeão!

Não é só campeão! Alguém exclamou mais alto. Mais que campeão Rafael é o nosso herói. Herói de Granville

Viva Rafael! Viva Granville.

Com o prêmio, dado pela Secretaria de Educação do Reino, ele reformou a casa da avó, que também era a sua, e comprou seu primeiro computador que tanto sonhara.

Autor:

Jaeder Wiler

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