16.4 C
São Paulo
segunda-feira, 22 de julho de 2024

Diarista encantada

Ana estava vivendo o pior momento em sua vida conjugal.

Não tinha esperança de uma reconciliação e tudo estava à deriva.

Atribulada no seu dia a dia, não tinha condições de cuidar de sua casa, até que uma colega próxima indicou Sara para trabalhar para ela.

Entusiasmada com a chegada de uma nova pessoa em sua residência, tentou de todas as formas deixá-la confortável, fazendo-a se sentir em sua própria casa.

À primeira vista, se encantou com aquela mulher alta, sorriso largo, falante e com sua autoestima nas alturas.

Sentiu, logo no primeiro momento, que poderiam ser grandes amigas e não se enganou.

Sara era um poço de alegria e contagiou a casa no instante em que colocou os pés na casa de Ana.

Ela veio para dar luz às trevas que habitavam naquela casa que estava fria e abalada emocionalmente.

Seus filhos logo se encantaram com Sara, mas não era à toa aquele encantamento. Além de ser muito comunicativa, Sara transbordava amor em cada palavra dita a cada um deles.

Sara se apressou em seus afazeres domésticos e foi desenhando e iluminando cada cômodo que visitava. Ela ia colocando tudo em seu devido lugar, mas, não era uma organização comum, havia muito amor em cada lençol colocado na cama, em cada louça lavada, em cada tapete estendido e na comida feita.

Enquanto isso, Ana se escondia de sua própria vida ficando instalada em seu escritório que ficava na garagem externa da casa.

Ana tinha verdadeira aversão em ter contato com o interior daquela casa e não se atrevia a entrar, a não ser na hora de se alimentar ou ir dormir. Ela se mantinha distante e sua frieza foi tomando conta dela que ela não conseguia voltar a ser o que era antes. A tristeza por ver seu casamento fracassando, a fez hibernar em sua própria solidão.

Mas, olhando de longe, Ana percebeu que sua casa estava diferente. Havia música e cheia de vida novamente.

Até então, aquela casa era apenas um lugar onde existiam móveis, mas eles ficavam escondidos de sua própria função.

Ao perceber que a noite estava caindo, Ana resolveu entrar em sua casa e ao entrar na sala, Ana não se conteve e chorou. Ouvindo o choro da mãe, seus filhos vieram ao encontro dela e ao se deparar com a transformação que Sara fizera na casa, eles, mesmo sendo apenas adolescentes, sentiram o poder da transformação da arrumação que Sara havia feito naquela casa e copiosamente choraram. Eles não acreditavam no milagre que Sara havia feito: tudo estava impecavelmente limpo, organizado e em seus devidos lugares.

Era difícil para Ana mensurar o tamanho de sua felicidade ao ver sua casa sendo verdadeiramente uma casa que ela jamais tivera durante todos aqueles anos.

A satisfação em seus olhos, a voz embargada a fez ter esperança de dias melhores naquela casa a partir de então.

Emocionada, Sara tentava compreender o que estava acontecendo. Ela não tinha ideia do quanto seus serviços domésticos transformaram a vida de cada habitante daquela singela casa. O poder transformador de seu trabalho deu vida a cada cômodo, a cada móvel e, principalmente, em cada vida que habitava aquele lugar.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio