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terça-feira, 23 de julho de 2024

Débora Falabella vive personagem que sofre violência doméstica na novela Terra e Paixão

Especialistas explicam o que é uma relação abusiva

Débora Falabella vive uma personagem que sofre violência doméstica em “Terra e Paixão”. Na novela das nove da Globo, Lucinda, interpretada pela atriz,  vai aprender a lutar krav maga para se defender dos ataques do marido, Andrade (Ângelo Antônio). 

Mas ao contrário do que muitos pensam, a personagem não segue o estereótipo de mulher frágil, pelo contrário, com  temperamento forte, ela já enfrentou até mesmo Antônio (Tony Ramos), o todo-poderoso de Nova Primavera, e não costuma levar desaforo para casa. Mas, quando é agredida pelo marido, a gerente da cooperativa fica sem saber o que fazer.

“É difícil se separar de um relacionamento de uma forma geral. De um relacionamento abusivo é mais ainda. Isso acontece porque as mulheres fazem um auto investimento nas relações. Mulheres são educadas para o amor, são educadas para entender que dependem delas para que haja uma relação de sucesso, e isso acaba se tornando uma conquista pessoal. Ou seja, ter uma família, um marido e filhos ainda é visto como algo de importante na sociedade atual, então abrir mão disso não é nada fácil”, explica a psicóloga Luanna Debs. 

Segundo a professora em psicologia Luísa Araruna, “Todo relacionamento tóxico é composto por duas pessoas adoecidas, em busca de repararem seus traumas e construírem novas saídas para os  seus medos e raivas, estes dias ouvi um comentário sobre uma moça em relacionamento tóxico que dizia assim: (mas não é possível que ela não reconheça os sinais…) verdade é que na maioria dos casos, não se entra ou permanece em um relacionamento desses por não reconhecer os sinais, mas sim por reconhecê-los inconscientemente”. 

Relacionamentos abusivos correspondem a 70% dos atendimentos psicológicos no Brasil. Mas não é só esse o problema. Existem doenças que podem ser correlacionadas e ocasionadas pelos abusos. Mesmo que a vítima não saiba reconhecer, o corpo pode enviar sinais dos abusos.

Para a psicóloga Luisa Araruna, as relações tóxicas costumam ser uma forma de reviver traumas e/ou padrões que foram vivenciados na infância, e por isso trazem tanto sofrimento e também tanta dificuldade de se retirar deles.

“Imagine que uma mulher tenha sido criada por um pai alcoolista e ele costumava chegar em casa com um presentinho para ela, a pegava no colo, girava, brincava um pouco, embora estivesse com aquele cheiro forte de álcool e falando alto, porém logo em seguida esse mesmo pai a colocava no chão e ia ao encontro de sua esposa, mãe da menina, que era agredida fisicamente e essa filha, que ainda está em desenvolvimento e ainda está formando sua personalidade, constrói uma associação afetiva de alegria, acolhimento e agressão. O mesmo homem que representa alegria e amor para ela, também representa medo e violência. Facilmente, quando chega na fase  adulta, a menina irá repetir o mesmo padrão de relacionamento e sentirá acolhimento e amor pela mesma figura que a ameaça e a deixa ansiosa e por outro lado, também é comum encontrarmos pessoas que foram vítimas de violência na infância. Tanto física e psicológica, podendo acontecer que essa pessoa, inconscientemente “decida” que não quer mais ser a vítima de violência, mas para não o ser, ela precisaria ocupar a outra posição, que é a do agressor. Então, pensando no aspecto psicológico, toda vez que ela é agressiva, ela está revivendo o seu trauma infantil e se reafirmando não mais na posição dolorosa de quem é agredido” finalizou a psicóloga. 

Luanna Debs alerta ainda para o mal que os relacionamentos abusivos podem ocasionar ao cérebro: 

“Com a exposição de maneira repetida e prolongada a violências de todos os tipos, pode ocorrer mudanças na função cerebral, como a própria perda da atividade neuronal”, orienta. 

Segundo a especialista, a violência gerada por relacionamentos abusivos podem estar  correlacionadas com outras doenças como por exemplo: hipertensão, diabetes e outras doenças autoimunes, como fibromialgia, vitiligo, psoríase, doenças gastrointestinais também, como síndrome do intestino irritável, gastrite, refluxo, enxaqueca, distúrbio de sono e autoimagem, transtornos alimentares e outros. 

Para a advogada criminalista Renata Farage, a legislação brasileira também vem crescendo bastante neste sentido de proteger as mulheres vítimas de violência doméstica. 

“No dia 20 de abril deste ano, foi publicada a Lei Federal n. 14.550. Esta lei altera a lei Maria da Penha e prevê a concessão sumária de medidas protetivas de urgência às mulheres a partir de denúncia de violência apresentada à autoridade policial.

As medidas protetivas serão concedidas independentemente do tipo da violência. Ou seja, mesmo que haja somente risco à violência psicológica comprovado, sem que ocorra lesão à integridade física, as medidas protetivas serão concedidas e deverão vigorar enquanto persistir o risco à integridade psicológica da vítima. Lembrando que os tipos de violência contra a mulher previstas na lei Maria da Penha, podem ser a física, sexual, patrimonial ou moral da ofendida”, finaliza Renata Farage

Autora:

Vivi Alexandre 

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