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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Só 13% das empresas de construção possuem processos digitalizados, diz estudo

Mesmo com o surgimento de recursos tecnológicos altamente funcionais, o segmento de construção civil caminha a passos lentos em direção à modernização

De acordo com uma pesquisa da IDC (International Data Corporation), empresa norte-americana focada em inteligência de mercado, apenas 13% das empresas de construção civil, a nível global, têm seus processos digitalizados. 58% ainda estão nos estágios iniciais de digitalização.

Já segundo dados da Prospecta Obras, plataforma on-line para consultoria de prospecção de obras, 88% das construtoras estão em meio à implementação de transformação digital.

Levando em consideração que a digitalização na construção civil é encarada como ponto focal para um setor mais eficiente, flexível, seguro, ágil e sustentável, esses dados são alarmantes.

Um estudo da empresa de consultoria McKinsey Global Institute mostra que, para que o segmento acompanhe a economia global, é necessário um investimento anual de 57 trilhões de dólares até 2030. 

Dentre as principais soluções tecnológicas para otimizar as ações dos profissionais e entregas aos clientes, algumas se destacam na lista de mais promissoras, como mostra o Panorama da Construção Civil 2023, realizado pela rede Obramax. 

Building Information Modeling (BIM)

O Building Information Modeling (em português, Modelo de Informação de Construção), também conhecido como BIM, não é exatamente um software específico, mas, sim, um conceito de virtualização, modelagem e gerenciamento das ações referentes a projetos e construções de obras de engenharia.

Isso permite uma representação muito mais próxima da obra real (virtualização dos elementos), o que facilita a observação de possíveis divergências, como sobreposições, erros no projeto, etc. 

Com essa visão integrada, dinâmica e muito mais eficiente, é possível reduzir os custos de maneira significativa.

Drones

O uso de pequenas aeronaves controladas remotamente pode ser aplicado em várias etapas de uma obra civil, desde a licitação até a execução do projeto.

Os drones podem ajudar em relação a:

  • Mapeamento do ambiente (mudanças de elevação, pontos de drenagem/escavação/construção)
  • Planejamento (extração de medidas e posicionamentos de elementos diversos, como árvores, bueiros, etc.)
  • Terraplanagem (indicação de posicionamento geoespacial para nivelamento mais prático e preciso da terra)
  • Monitoramento (inspeção das obras)
  • Manutenção (checagem após a conclusão das obras para possíveis reparos e ajustes)

Com isso, os drones proporcionam economia de tempo e dinheiro, tomadas de decisões mais rápidas, transparência, precisão, rapidez, redução de riscos e maior acessibilidade de dados.

Varredura com laser 3D

A varredura com laser 3D faz análises de objetos ou ambientes com o intuito de coletar dados precisos sobre sua aparência e forma. Em seguida, as imagens recolhidas são utilizadas para a criação de modelos tridimensionais virtuais.

Na construção civil, o laser também auxilia na obtenção de informações em relação a possíveis erros, controle de qualidade e monitoramento das obras.

A alta tecnologia da pulsão de feixes de luz impõe alta confiabilidade sobre todos os detalhes e cálculos de um projeto, evitando erros com potencial para causar retrabalhos, prejuízos financeiros e acidentes.

Essa varredura, inclusive, pode ser utilizada para fortalecer a atuação de modelos BIM, possibilitando o desenho de plantas mais complexas, a elaboração de mapas (declividade, fluxo hidráulico, uso do solo, hipsométrico), a criação de memórias de cálculos e modelagem 3D, supervisão de monitoramentos (deslocamentos, recalque, verticalidade), entre várias outras informações relevantes.

Realidade Virtual (VR)

Com o auxílio de certos dispositivos, como óculos e capacetes especiais, a Realidade Virtual usa a tecnologia para simular algo diferente da realidade, sendo possível criar universos completamente novos.

Na construção civil, isso pode ser muito útil para:

  • Gerenciamento das obras (inspeção de irregularidades, facilitação da percepção do projeto, comparação do projeto original com o andamento das obras)
  • Visualização de ambientes (amostra do produto final ao cliente, alterações no projeto, imersão digital para avaliações)

Realidade Aumentada (AR)

Diferente da Realidade Virtual, a Realidade Aumentada não cria ambientes do zero, mas mescla elementos virtuais e reais em um espaço físico.

No contexto da construção civil, a AR permite uma visão mais exata do que está sendo feito, facilitando aspectos complexos demais até mesmo quando representados em desenhos. Com plantas e maquetes 3D, por exemplo, fica mais simples compreender a proposta e executar o plano da melhor maneira possível.

Com a ajuda de óculos de Realidade Aumentada, sensores e aplicativos para smartphones, é possível potencializar a precisão de resultados e experiências por meio de tours virtuais, treinamentos, tutoriais, simulações de design, etc.

Aderência do mercado

Apesar de muito funcionais, as tecnologias ainda não conseguiram convencer uma boa fatia do setor de construção civil. De acordo com Josias Rodrigues, criador de conteúdo do perfil JR Construção, o mercado brasileiro ainda tem um longo caminho pela frente quando o assunto é digitalização.

“Muitas empresas desenvolvem tecnologias e só querem vender, sem ajudar o profissional a entender como usar. A maioria só faz trabalho no topo da pirâmide e não consegue se comunicar com o usuário final”, ele explica.

A solução, em sua perspectiva, seria prestar atenção no que pedreiros e outros profissionais do ramo têm a dizer, aproximando-se do público que vai usar os recursos tecnológicos – e que, muitas vezes, nunca nem ouviram falar dessas soluções.

Como influenciador, Josias acredita que apresentar as tecnologias de forma massiva é uma boa forma de imprimir conhecimento e, aos poucos, direcionar o mercado para o caminho certo.

Ele conta uma experiência pessoal em relação a isso. “Já fui procurado para mostrar um segurador de régua que seria lançado e usei nos meus vídeos. Consegui ajudar a vender mais de 100 mil peças do equipamento porque mostrei ao público como funciona […] É isso que precisam fazer com essas tecnologias”.

Autora:

Maria Gabriela Ortiz

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