O prefixo pluri vem do latim (plus, pluris, mais, maior) e exprime a noção de muitos, que em junção com a palavra linguagem amplifica o conceito da mesma dentro de suas funções verbais e não-verbais de interação. A plurilinguagem na música é antiga dentro da Literatura e das Artes Visuais.
Desde a Antiguidade Clássica Greco-Romana até aos dias atuais este conceito anda em comunhão dentro da sociedade humana. A música da harpa, da lira, do violão, dos instrumentos ritualistas e étnicos de matrizes nativas e afrodescendentes são prova disso dentro da Literatura e das Artes Visuais.
Na Literatura pode-se notar este conceito até dentro do livro sagrado da Bíblia como é descrito no Salmos 100:4 “Entrem por suas portas com ações de graças e em seus átrios com louvor; deem-lhe graças e bendigam o seu nome.”
Já nas Artes Visuais nota-se esta junção nos rituais de matrizes nativas e afrodescendentes no Brasil como também no Antigo Egito e nos povos asiáticos através da pintura corporal em diversos tipos de cerimônias.
A poesia ganhou força no século XIX no Brasil, levando ritmo e alegria nos folguedos e no nascimento do Samba brasileiro. Disto tudo, o carnaval da terra tupiniquim ganhou uma proporção mundial e levou este conceito em voga hoje como o próprio Zeca Pagodinho diz neste verso de um de seus grandes sambas “Deixa a vida me levar.”
O grafite, o rap e a break é mostra clara também desta plurilinguagem atualmente. O trovador medieval ao grafiteiro deste século são marcas que elevam a importância ampla da cultura de uma comunidade, de uma sociedade e por fim de um povo.
Heitor dos Prazeres foi um artista desta união de música, literatura e artes visuais, pois foi um gênio como poeta do samba brasileiro e ao mesmo tempo um artista plástico genuíno a retrata a cultura de seu povo em suas telas vivas em cores como é a vida e como nestes versos deste grande mágico da arte popular brasileira “Vai, vai, saudade/Saudade voraz/ Que eu não posso mais/ Vai, vai, saudade/Me deixa viver em paz.”
Dentro destes fatores vivencia-se o belo, o simples a encantar o ritmo em metáforas cantadas e escritas por Pablo Neruda e cinematografada em O Carteiro e o Poeta, pois afinal a vida é feita por metáforas do antagonismo do viver como “uma metáfora cintilante como uma adaga, incisiva como um canino, lacerante como um cântico.”
Autor:
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)
Escritor, pesquisador, palestrante, acadêmico e professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação.
Ex-Presidente da Academia Cabo-friense de Letras.
Ex-Presidente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo/RJ.