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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Reino dos Mauros versus Reino de Marrocos

O termo Mouro foi derivado da palavra latina “Maurus”, originalmente usado para descrever os berberes e as pessoas da antiga província romana da Mauritânia, hoje designada no norte da África.

 Qual é a origem do nome Mauro?

 Mauro é um nome masculino de origem latina.

O primeiro nome do Mauro, decorrente do próprio nome Maurice, proveniente do termo latino “maurus” referente aos “mouros”, cujo povo da África, conhecido sob conotação ofensiva ocidental.

 Assim, o primeiro termo Mouro, referendo-se a Maurice, grande imperador bizantino do século VI. S. Maurício também era um soldado romano, executado ao recusar participar de uma cerimônia pagã.

Além do termo compartilhar outros fatos, o nome Mouro, contraparte italiana e hispânica do primeiro nome Maurice. Mesmo que seja um nome muito comum na Itália e entre os meninos de origem italiana, mas também foi conhecido na América do Sul e sobretudo na Argentina e no Uruguai.

Tal termo Mouro, conheceu uma cunhagem camuflada pelo ocidente, subestimando os efeitos de cultura milenar, de rituais dos nativo do norte da África, a título de barbaridade e guerras infanticidas de tradição religiosa e rituais pagãos.

 A questão: por que o interesse pelo “Reino dos Mouros”?

Foi o primeiro estado marroquino da história antiga, segundo o pesquisador,  Mohamed Jabroun, membro do partido PJD, ( Partido de Justiça e Desenvolimento) na obra intitulada “Ancient History of Morocco”, publicada por Dar Al-Ihya, 2016.

No primeiro capítulo deste livro envolveu o “Reino dos Mouros”, existindo por mais de 500 anos antes de cair nas garras da ocupação romana,  sintetizando suas características da política militar, econômica, ambiental, social, religiosa, cultural e lingüística, num quadro histórico e socioeconômico, dada a ausência de documentação histórica; além de ser “poucas e antigas, conforme alguns textos gregos, púnicos e latinos, e de algumas relíquias e evidências provas materiais.

Entáo  o que colide com a história deste reino?, foi a história inicial do Marrocos, onde os investigadores  decifraram as placas rupestres gravadas entorno do Marrocos. Apesar das gravações terem forçado os pesquisadores a confiar em “notas de rodapé e margens de fontes gregas e latinas, principal objetivo complicado, confundido junto ao Reino de reinos bárbaros,  não somente pela era da história do norte da África e do Marrocos em particular, mas também para desvendar uma cultura e suas ramificações”.

No entanto, isso não nega, segundo o pesquisador especializado em história, Mohamed Jabroun, referenciando “o reino dos mouros ser um dos reinos mediterrâneos marroquinos, oprimidos ao longo da história, sem cumprir o objetivo do conhecimento e de sabedoria, permanecendo oculto aos olhos e as línguas dos historiadores, raramente expostos para o aprofundamento e críticas”.

Estabelecimento do estado

O pesquisador destacou no seu livro duas fases na história do reino Mauryan. A primeira delas faz referência ao estabelecimento e fundação do estado mouro, uma etapa inicial e misteriosa, datada do estabelecimento do estado em Marrocos, fase pela qual “se fundou e surgiu o reino dos mouros, uma vez que nada se soube sobre seus primórdios, nem determinação com precisão, definição dos eventos mais importantes, trás o seu estabelecimento. Desaparecido ou colapsado com o período da Segunda Guerra Púnica, no final do século III aC.

Quanto à segunda fase, foi de desvendar  esta fase de emergência e colapso, durante a qual o reino experimentou uma “emergência tangível representada nos proeminentes fatos e acontecimentos da Segunda Guerra Púnica”. Tal emergência foi “aparentemente superficial, porque não durou muito, pois as suas condições cedo se agravaram e gradualmente ruíram, depois de ter ido parar ao seio do Império Romano, apagando a sua menção, tornando-se  Marrocos uma província romana sob o nome de Mauritânia tangija no ano 40 a.C.”

O pesquisador, Jabroun considera que “as condições sociais e económicas que atravessa o Marrocos Al-Aqsa antes e depois da história, sobretudo durante as idades minerais (durante o primeiro milénio a.C.) impuseram à população uma espécie de organização política, devido ao crescimento populacional, emergindo núcleos tribais no interior do país, distantes da costa, dos núcleos urbanos litorais, objeto dos recursos naturais, da defesa e da sobrevivência, em detrimento das alterações climáticas no final da pré-história e da expansão da serra árida e chegada de estrangeiros às costas marroquinas (fenícios e cartagineses).

De fato, segundo o pesquisador, o surgimento de uma espécie de hierarquia social decorrente da riqueza ou de poder, traduzido pelos traços funerários e conteúdo das sepulturas, ou ainda da posição social ante da morte, constituindo assim, umas primeiras efeitos da ideia política ou índices da formação do estado, algo semelhante ao antigo Marrocos.

E quando os cartagineses o visitaram, o Marrocos detinha em meados do século V aC um grupo de cidades; como em grego Skylax no século IV aC.  Caso  “dos etíopes que viviam no sul do Marrocos tinham uma grande cidade a qual os mercadores fenícios a conheciam”.

O pesquisador, Jabroun referiu também a outras cidades na costa do Marrocos das quais muitos antigos viajantes e geógrafos mencionaram, a exemplo da: “Ponsion, que alguns acreditam ser a antiga cidade de Tânger, junto com a cidade de Zelil, localizada a sudeste de Tânger, e a cidade de Timateria que não foi determinada com precisão a sua localidade, além de muitas outras antigas cidades fenícias, cuja fundação remonta as datas e períodos muito antigos, como a cidade de Lyxos, remontando ao século VIII aC, conforme as evidências arqueológicas.

Quanto à rede urbana da região, litoral ou interior, conhecem a aglomeração das comunidades residenciais agrícolas e pastoris do interior, objeto  das trocas, dos papéis, em termos de recolha e distribuição de bens, cooperação, segurança e ligação ou conexão. O que prova a “forte existência de uma espécie de organização política no Marrocos no século V aC”.

Tal conclusão confirma por uma série de evidências, apesar da sua falta”, que  o rei ( Mauryan) ajudou Hanoun na sua revolta sobre Cartago no meio do século IV aC, cujo grupo de soldados mauritius ajudaram Cartago nas suas guerras durante o século V aC, segundo Stephen Axel, que acredita que o reino Mouro existia pelo menos no meio do século V aC..

Mouros e os reis

O nome dos mouros atribuídos “ao povo do extremo noroeste do continente africano”, primeiro pelos gregos, depois pelos romanos, segundo o geógrafo Estrabão, trata do nome comum (bárbaro) segundo Salústio. Foi popularizado e difundido durante o século III aC, tornando-se uma bandeira do estado governante da região e dos habitantes.

Tais povos habitavam o “canto noroeste da África”, sobretudo “as zonas localizadas entre os mares interno (Mediterrâneo) e externo (o oceano), além das montanhas do Atlas no sul e o rio Moulcha (Maluiya) no leste”, cujas “ fronteiras no leste e sul desta área não tinham sido fixas e precisas”.

Tal livro “História Antiga de Marrocos” remontando ao primeiro rei mencionado pelas fontes como o governante da rainha moura, tem sido o rei Baka, que ajudou o líder Msinissa, garantindo-lhe a sua passagem para o reino Masylian de seu pai no leste durante sua viagem de volta da Espanha.

Acrescentando que existe antes deste rei, reis outros que fonte não os citou, “as fontes gregas e latinas, além disso tais fontes ignoraram os desenvolvimentos do reino mouro por quase um século, sem voltar a tratar dos fatos, exceto durante a Guerra de Jugurta (105-111 aC), onde o reino dos mouros envolvido”, sob comando do rei Bocchus ou Bocchus Al Akbar.

Sendo o regime político que prevalecia no reino era “real, hereditário, pois todos os líderes mauryas eram reis, do Baka até Ptolomeus”. Tal família real Moura decorre da legitimidade tribal de forma mais ampla, onde rei, líder decorrente das tribos, fundando uma e outras em forma de entidade tipo federal, agrupando-se no seu quadro tribal para a gestão de seus negócios locais e cooperar nas questões comuns sob o comando de um rei ou coroa.

Finalmente, uma das manifestações da soberania política exercida por esses reis mouros era a “cunhagem de dinheiro, pois muitas moedas foram encontradas nas regiões distintas do Marrocos, como as encontradas em Lixus, pertencentes a Bocchus e Yuba II, na região de Zalil, mencionada antes”.

 Assim, essa longa história que teve importante contato com as grandes civilizações mediterrâneas, dando sem dúvida ao reino mouro uma forma de fundar um estado forte e moderno, não era menos importante dos estados que se prevaleciam na bacia do Mediterrâneo; apesar da perda ou da ambiguidade do património escrito ou disperso, a título do atraso dos trabalhos de pesquisa arqueológica, capaz de contribuir a desvendar e esclarecer sobre o atraso deste conhecimento histórico  de muitos aspetos deste país, reino de Marrocos!

Autor:

 Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário-Marrocos

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