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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Regime militar argelino a margem de um novo mandato

A Argélia,  país do norte da África, rico em reservas de petróleo e gás, faz fronteira com Marrocos, oposto ao seu regime militar perturbador da integridade territorial e usurpador de terras para uma milícia separatista, polisario, em detrimento da justiça social e dignidade da maioria do povo, desprovido de meios para uma vida digna, revoltantes e recalcitrantes desde fevereiro de 2019. Formando um “movimento popular”, com jovens e desempregados que denunciam os abusos do regime militar e o prolongamento da  política de exterminação, redeadora e golpeadora dos símbolos da revolução argelina desde 1962.

Lembra-se, durante o quinto mandato do falecido presidente Abdelaziz Bouteflika, 2004-2018, os protestos crescentes contra a deterioração e declínio das condições econômicas e sociais do país, almejado rico em recursos naturais, sobretudo petróleo e gás natural.

Apesar das campanhas de repressão e prisões contra as lideranças do movimento popular, a voz do povo argelino quebrou todos os tabus e chegou ao mundo, através de reportagens da mídia e organizações de direitos humanos na Europa e América, obrigando o regime militar a recuar,  primeira ação foi o afastamento do presidente Bouteflika, e o envenenamento do general “Qaid Saleh”, e por fim o anúncio das eleições presidenciais adiadas sob pressão, da rua, duas vezes em abril e julho de 2019.

Por outro lado, os militares argelinos começam a desafiar com a mão de ferro e fogo qualquer movimento popular, assistindo a detenção arbitrária de mais de 1000 manifestantes, dos quais os líderes do movimento popular,  recusando a organização das eleições presidenciais, mês de dezembro de 2019, cujos partidos do regime governante e ministérios dirigentes do governo da era Bouteflika, mudaram de estratégia, consequência do atual septuagésimo presidente, Abdul Majeed Tebboune.

Hoje a margem das eleições presidenciais do fim da era do anterior e aproximação do atual, cujos resultados da eleição foram fortemente contestados, uma taxa de participação inferior a 40%, ou seja a mais baixa desde o golpe contra a revolução argelina em 1962.

Assim, Argélia aproxima-se do fim do primeiro mandato do presidente “Abdul Majeed Tebboune”, os preparativos das eleições presidenciais de 2024, tudo indica que o regime militar  busca renovar a sua confiança junto a este presidente, “Tebboune”, a preço de um segundo mandato, na beira dos oitenta anos, camuflando qualquer iniciativa de avanço nos dossiers capazes de sair do buraco doutrinal do regime militar.

No  plano interno, o regime militar continua a drenar as riquezas do país, cujos projetos propagandistas dos separatistas da polisario os ocupam, utilizados como forma de reprimir qualquer voz ou opositor, alimentando o distúrbio social sob controle do regime militar, e das reivindicações sociais, dos direitos humanos chamando para as vias de sobressair das crises socioeconômicas alarmantes.

No plano externo, a complexidade do regime militar argelino é exibir seu potencial, criar batalhas psicológicas da memória e da história, seja com os colonialistas franceses numa memória comum, de caveiras, ou de debate político, dada a ausência de um “argelino” nação”, confundindo a sede do governo tribal com os descendentes do “movimento” e dos pés negros por outro lado.

A sua “diplomacia do gás” levou o regime militar argelino a criar frentes de movimentos, com países vizinhos, Tunísia e Líbia, e os países do Sahel e sul do Saara, além dos corredores do Movimento dos Não-Alinhados e da União Africana. Diante disso a milícia  da Polisario, posta em Tindouf, sudeste de Argel, se arma sob a coordenação do regime mantendo secretos acordos com Irão e movimento do Hisbolaah, no sentido de treinamento e armamentos.

Tudo isso não passa de uma costumeira propaganda consumida, visando a corrigir a situação interna face à situação revoltante e alarmante,  desviando atenção do regime militar, e que Argélia engaja a ingressar nos países do BRICS, cujo presidente argelino, Tebboune presente ao canal Al-Jazeera para falar das necessidades de realizar reformas, elevar a renda nacional e  indicadores econômicos, condições sine-qua non para ingressar no BRICS.

Para o programa presidencial de Tebboune, 2024, a ideia é continuar utilizando o poder de compra ao encontro do cidadão argelino, ao invés de preservar a dignidade das filas dos argelinos sob o sol escaldante; mantém uma propaganda ofensiva, distorcendo a imagem de Marrocos ao olhos do povo argelino, através de lobbies e organizações às quais a companhia Sonatrach aloca pesadas fortunas em termos de reportagens escandalosas na mídia, Rádio, e ao serviço de uma série de escândalo midiático e judicial.

Com tudo, a fragilidade política vivida pelo regime do vizinho oriental e a tentativa de superação de seus complexos psicológicos em relação ao Reino de Marrocos, o coloca sob uma tutela e vergonha junto aos países africanos e as Nações Unidas. Uma vez que toda a história dos reinados desde o falecido sultão Mohammed V e do rei Hassan II, suportaram a revolução argelina tanto nas cidades do Oriente e como no campo marroquino, em prol da política da mão estendida que continua  com o rei Mohammed VI, apesar do rompimento das relações diplomáticas e  fechamento das fronteiras e espaço aéreo…

 Será que vamos esperar muito pelo nascimento de uma nova geração política argelina que se reconcilie com a sua história e com o seu meio envolvente, lutando em favor das suas prioridades do desenvolvimento, não para os bolsos dos generais do regime e as empresas internacionais, rompendo assim com uma geração amamentada da ignorância da história e das teorias de conspiração?

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário-Marrocos

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