Recentemente, estive em Vitória no Espírito Santo novamente. Gosto muito de lá. A cidade é ótima e as praias muito boas, mas falta um Je ne sais quoi na cidade. Sabe aquilo que identifica o lugar? O Pelô em Salvador, o Cristo no Rio, o MASP em São Paulo, as praias de Maceió. Pois é, em Vitória não tem isso. Por onde as pessoas passam elas dizem “aqui me lembra muito tal lugar” é como se a cidade fosse todo lugar e lugar nenhum. Não tem identidade. Importante: Não me refiro às pessoas, mas ao local.
Às vezes me pergunto, que fim levou Oscar Niemeyer e por onde anda o próximo Lúcio Costa? Teriam desistido dos seus sonhos e seguido no primeiro emprego que lhes apareceu, porque precisavam colocar comida em casa? Será que mandaram Affonso Eduardo Reidy parar de bobagens e deixar o caderno de desenho de lado e se concentrar no mais importante? Será que deram oportunidade para a visão da Carmen sobre a reconstrução da arquitetura moderna? Soube inclusive, que o próximo Portinari, hoje trabalha num Drive Thru.
Talvez a próxima Brasília ainda nascerá. Qualquer dia desses ouviremos falar que Juscelino deu início às obras e sua cidade será um exemplo de modernidade em pleno século XXI. Ainda há de existir sonhadores. Sem dúvida, eles estão por aí. Estou certo disso! Ainda verei um prédio muito esquisito que está sendo construído e que foi projetado por um desconhecido.
Não, não me conformo. Porque hoje nos contentamos com traços e linhas retas, achamos os espelhados um “máximo” e o sem vida ideal? Seria a arquitetura, a prova viva de que reprimimos tudo aquilo que ousa ser diferente? Ser belo sem deixar de ser prático? E o que nos resta? Edifícios tombados pelo Patrimônio Histórico e onde milhares passam todos os dias e alguns poucos param e olham. Olham fixamente e observam, dobram as cabeças e vendo de longe, se perguntam “O que é aquilo?” Faça isso.
Não, não é só mais um prédio – É uma história de vida, é uma obra de arte, é funcional e no mundo, não há outro igual.
Autor:
Eduardo Lira