Pouquíssimas coisas o assustavam, apesar de ter certo receio do tempo, não havia comparação ao seu medo do nada. O nada o amedrontava, o vasto e vago pensamento sobre o nada o fazia perder o sono a noite, o que mais o aterrorizava era que tudo, algum dia, se tornaria nada, era inevitável e imprescindível, mas era o que era, não havia nada que poderia mudar isso, e ele sabia disso. Até que, uma vez, ouviu de um amigo que ”não deveria pensar tanto nesses assuntos profundos”, o porquê seria ”pois não fazia sentido, nada nunca dura para sempre”, e isso pesou nele, não parava de pensar de que talvez, só talvez, nem a ausência seria eterna. Suas contemplações o levaram a aproveitar o que podia, tudo pela liberdade e pelo prazer, nada duraria para sempre, seria até um favor, pois até do Universo, só restaria seu vácuo. Foi em uma noite, a qual havia saído prometendo a si mesmo que utilizaria de todos os recursos que a noite e a vida o ofereciam, a cidade brilhava, o que o deixava em pesar, algum dia nada daquilo existiria mais, e, foi nessa mesma noite, que voltou desesperado para casa, não sei o que aconteceu com ele, talvez a mais profunda das sensações haviam lhe consumido, ou talvez simplesmente surtou, mas sei que seu desespero era calado, interno e desconhecido por si mesmo, creio eu que tenha percebido que o nada nunca iria durar para sempre porque já era o sempre, e pior ainda, iria o consumir.
Autora:
Layla Azoubel
Excelente crônica, parabéns.