Marrocos e Argélia são os principais países do norte da África, unidos pela língua, religião e relações familiares e sanguíneas, mas, infelizmente mantidos desunidos, por desvios políticos, pensamentos ideológicos e interesses geoestratégicos.
Atravessando diferentes etapas de tensões, quase desde a independência da Argélia em 1962.
Em 1975, a Argélia expulsou milhares de marroquinos. As fronteiras entre os dois países ficaram fechadas desde 1994. As relações se limitaram ao mínimo atrito possível, com pouco comércio.
Os dois países não conseguem chegar a um acordo para repensar um futuro juntos, e construir um Magreb sonhado, unido e próspero.
Hoje assiste-se a uma nova fase de tensões, em razão da aproximação da Argélia- Irã, uma provocação direta contra Marrocos, suportando o separatismo no Saara marroquino, por uma milícia composta de diferentes nacionalidades do Sahel e Sahara, polisario.
Assim, a gota acabou transbordante o copo, devido ao memorando de entendimento entre Argélia e Irã objeto da cooperação militar, conforme uma mensagem do exército safávida, dirigida a “Shanqiha”, revelando o papel dos generais argelinos donos do país, correndo contra o tempo e no terreno, para contrariar os interesses do Reino de Marrocos, em todas as frentes e níveis.
Neste contexto, Argélia e Irã entenderam sobre um memorando de entendimento da cooperação militar entre as duas repúblicas, argelina e iraniana.
Tal memorando firmado, na sede da embaixada iraniana, entre o adido militar, com a presença do inimigo de Marrocos, “Amir al-Moussawi”, padrinho deste acordo, mandatário de “Al -Saeed Shangriha”, sem nenhuma confiança com seus líderes militares ou da inteligência, razão pelo qual foi enviado o interlocutor, “Shafiq Mesbah”.
De fato este memorando de entendimento visa os projetos de indústria militar irano-argelina em território argelino, produzindo armas e exportá-las ao resto da África.
O general “Changriha” manteve seus generais informados de forma secreta, do conteúdo da mensagem do comandante do exército iraniano, por precaução evitando qualquer divulgação a grande escla do memorando de entendimento, por medo de alguns traidores, infiltrantes dentro do exército argelino, ou das redes externas hostis ao regime militar.
Através deste memorando, o Irã ia investir em importantes projetos militares dentro da Argélia, contra os interesses do Marrocos-Israel, no quadro dos Acordos de Abraham, firmados entre Marrocos, Estados Unidos e Israel.
Contexto marcado pelo estrondoso escândalo de espionagem, quem vence e perde?
Lembra-se que o maior vencedor deste acordo/memorando de entendimento é o Irã, por meio de Argel encontra clientes para vender suas armas, esquivando as Nações Unidas e as sanções ocidentais, que proibem a venda de suas armas, além de utilizar as fações do Hisbullah, a titulos de grupos armados espalhados pelos países africanos, como a figura do “Shafiq Mesbah”, objeto da inteligência militar argelina, estrategia para a venda de armas.
A mensagem do “Amir Mousavi”, dirigido por parte do Comandante-geral-do Exército Iraniano, Major-General “Abdul Rahim Mousavi”, para o Chefe do Estado-Maior do Exército argelino, “Said Chanegriha”, através o qual os iranianos levantam as hipóteses que a ação dos israelenses nas fronteiras ocidentais da Argélia preocupa a República Islâmica, pronta para colocar todas as suas capacidades militares a serviço da Argélia, se for exposta a qualquer perigo que ameasse a sua segurança e estabilidade; porque o Irã não ia abandonar seus aliados, quaisquer quais sejam os desafios.
Segundo esta mensagem, a Argélia não é um país comum, detendo posições como superpotência, em termos de defesa e preservação da soberania, da independência de suas posições, e da imposição do princípio a não interferir nos assuntos alheios.
A liderança do exército safávida, segundo a carta endereçada a “Shangriha”, o Irã é muito interessado a proteger as posições da Argélia e seu exército, de modo integrado, sólido profissional, cujas posições a manter em defesa da causa justa dos árabes, islâmicos e estratégicos…
A República Islâmica do Irão, com todas as suas forças técnicas e intelectuais e suas capacidades militares, pretende deixar a disposição da Argélia suas capacidade, diante de qualquer perigo que ameaça este país, sua segurança, estabilidade e integridade nacional, conforme o texto da mensagem, cujo Líder Supremo do Irã empenha muito com Argélia devido às recentes acontecimentos ocorridos em suas fronteiras ocidentais.
Quem perde?
Após a resolução 2602 do conselho de segurança, favorável à causa do Marrocos, a estabilidade e integridade territorial, a Argélia e o Irã mantém o suporte e apoio ao polisário, facção separatista, via uma diplomacia controversa e com um regime iraniano, agindo contra a oposição da comunidade internacional e das resoluções das Nações Unidas, e do Conselho da Segurança da ONU, bem como da política externa dos Estados Unidos e União europeia.
Tal aproximação argelina-Irã é uma perda para Argel, diplomaticamente, economicamente e estrategicamente, uma ameaça real às suas relações externas, o mais provável, e ao servir espantosamente o Irã.
Levada ao limite as pretensões de Irã e Argélia, após a última vitória diplomática do Marrocos na ONU, consequência da Argélia aproximar-se ao regime iraniano, meio de esquivar as sanções impostas internacionais e das comparsas da Polisario, tudo num contexto de perseguições, denúncias e mandatos internacionais.
Tal perda da Argélia, a torna como um peão na estratégia iraniana que visa estabelecer-se na região do Maghreb e África.
Finalmente este novo eixo que se desenha no horizonte entre Argélia-Irã, fortalece, por outro lado, o eixo Marrocos-Israel, em termos de projetos de desenvolvimento social, econômico e militar.
Enquanto o Norte de África e o continente sofre com as manobras de grupos terroristas e políticas dos regimes radicais e militares, quem perde neste sentido foi o eixo desestabilizador Argélia-Irã, porque tal intervenção não foi para acabar com uma crise de mais 4 quatro décadas de conflito artificial, entre Marrocos e Argélia, mas sim acentuá-lo, uma vez que a ONU reconhece a responsabilidade argelina, num conflito de integridade territorial do Marrocos, movida por um grupo separatista da Polisario.
Finalmente esta aproximação almejada pelo regime iraniano visa sustentar a existência da Polisario – a título do interlocutor defendido por Argélia, tornando-a o peão na estratégia iraniana no Maghreb, e no continente africano.
Assim, a Argélia perde nesta integrada estratégia de entrismo, à semelhança ao que o Irão provocou e causou na Tunísia, Sudão e Mauritânia, ou até no espaço vital onde intervém diretamente, Oriente Médio, (Líbano, Iraque, Iêmen…etc)
Autor:
Lahcen EL MOUTAQI.
Professor universitário-Marrocos