A Procissão
Ontem, pela minha rua, desceu uma procissão,
a procissão dos poetas.
Todos sós, mortos e tristes.
Na coreografia de um sorriso maldito, olharam-me,
Condenara-me, excomungaram-me.
Não me querem entre eles. Negam-me.
Preferem a poesia do meu reflexo pálido à beira da Razão.
Seguiram sem mim. Palavras sem mim.
Sem mim. Sem palavras. Fiquei.
Acho que vou parir um mundo.
Vou parir no mundo.
Esse mundo que escolhi.
Vou parir toda uma geração de verdades
imparciais, improváveis. Vou parir uma
dúzia, uns mil… Vou pra puta que me pariu.
Autora:
Gabriella Slovick. UERJ – LETRAS
A gestação poética exige uma imensa inspiração espiritual quase extraterrestre além de uma sensibilidade Divina rara, que raras pessoas podem alcançar na breve existência humana por ser uma evolução sobrenatural. Parir Poesia exige um parâmetro de um Mozart num momento orgástico infinito de fascinante beleza incomensurável..