As mulheres querem que os homens mudem, mas eles não mudam.
Os homens querem que as mulheres não mudem, mas elas mudam.
Autor desconhecido e infeliz.
Muitos pensamentos, ditos e frases de efeito são creditados como “provérbio chinês” ou “autor desconhecido”. É melhor aceitar a autoria atribuída do que conferir. No texto acima, creio que o autor preferiu o anonimato a sofrer sanções da esposa. Mas às vezes as mudanças acontecem e de forma inusitada. Vejamos dois casos:
Eduardo e Maria, casados há 6 anos, vivem um sonho. João e Mônica estão juntos há 4 anos, como pombinhos apaixonados. Esses casos parecem ser exceção ao dito popular acima, porém pouca gente sabe que há menos de 6 meses estavam a um passo do divórcio. Para conhecer os pormenores é preciso voltar no tempo. Detalhe: esses 2 casais não se conheciam.
Numa fria madrugada de junho, Mônica e Maria foram chamadas ao Hospital Geral. Horas antes, Eduardo pegou sua moto e foi encher a cara após discutir com Maria. Ele tem boas intenções, mas nunca cumpre qualquer promessa. Enquanto isso, João perdia dinheiro na sinuca, com cigarro, bebidas e a cabeça cheia com as brigas com Mônica. Não lembra os votos do casamento e ela não quer que ele volte.
Quis o destino que os 2 se cruzassem, ou melhor se chocassem. A violenta colisão, minutos após serem expulsos dos bares onde se embriagaram, deu perda total nas motos. Bateram capacete com capacete, foram parar na fonte da praça e a água amorteceu a queda. No hospital, sem reação aos estímulos, foram entubados lado a lado na UTI, onde fizeram todo tipo de exame. Até um padre foi chamado.
O professor de neurobiologia explicava aos residentes que monitoravam os dois o funcionamento dos hemisférios do cérebro, corpo caloso e TPJ – Função Temporoparietal. A separação dos dois hemisférios e a TPJ podem causar a sensação de flutuar fora do corpo. Um raio caiu sobre a rede elétrica e cortou a energia do hospital. O gerador é acionado automaticamente até 7 segundos, mas coisas estranhas aconteceram naquele curtíssimo lapso de tempo.
Eduardo observava os corpos, o professor e os residentes enquanto tentava entender o que aconteceu quando alguém (ou algo) o “atravessou”. Era o João.
- Olá amigo. O que faz por aqui?
- Sei lá. Depois do trovão, caminhei em direção ao sol, mas uma voz repetia “Fique longe da luz” e aí eu me afastei. Mas eu sempre quis viajar até o sol.
- Você é louco? A temperatura lá é de 5.500 graus! Ninguém aguentaria.
- Eu sei. Por isso pensei em ir de noite, sacou?
- Ah tá! Então é melhor partir do alto mar.
- Por quê?
- Ninguém cria gado no oceano e não tem o pum das vacas que contém o gás Metano que causa o efeito estufa e aumenta o calor.
- Valeu! Sinto-me estranho, leve, flutuando. Quem são esses dois aí?
- Parece que somos nós. Acho que morremos e desencarnamos.
- Qual deles sou eu e qual é você?
- Não sei. Nunca me vi por esse ângulo.
- O gerador não vai funcionar? – perguntou um dos residentes.
- Calma! Espere 7 segundos – respondeu o professor.
- Cara, o filme da minha vida passou num segundo! – disse João.
- Também aconteceu comigo. Se eu pudesse voltar, faria muita coisa diferente.
- Perdeu, mané! Já era! O que acontece agora?
Dizem que a estrada para o inferno é pavimentada por boas intenções. João e Eduardo eram bem intencionados e a porta das profundezas se abriu para os dois. Partiriam sem jamais terem entendido as esposas. Desde o namoro, eles nunca mudaram, mas as esposas exigiam que mudassem. Eles queriam que elas continuassem como as conheceram, mas elas mudaram.
Ouviu-se novo estrondo e a eletricidade tentou voltar. Os vultos mergulharam de volta aos corpos sem saber se a reentrada foi correta. A luz piscou várias vezes e estabilizou. Os aparelhos voltaram a funcionar e indicavam sinais vitais em ordem.
As esposas puderam ver os maridos, mas foram alertadas quanto ao estado de consciência e a possível amnésia, curta ou duradoura. Não deveriam contrariá-los, nem abordar assuntos polêmicos. Precisariam ter muita paciência!
Após 4 meses, os casais viviam como as esposas sempre sonharam. Os dois maridos finalmente mudaram! Muito mais gentis e parceiros, boas companhias para exposições, teatro, comédias românticas na TV, dança de salão, shopping etc. Maria e Mônica conversavam sempre, mas não se visitavam por temerem uma recaída caso eles se lembrassem do acidente. O neurobiologista disse a elas que era preciso fazer mais exames e testes psicológicos. O eletroencefalograma indicou possível problema na reentrada do ectoplasma após a experiência de quase morte. Falou sobre a TJP, os hemisférios cerebrais e disse que pode ter ocorrido troca de personalidades. Mônica e Maria confabularam por algum tempo e depois foram taxativas:
- Doutor, o filósofo americano Henry Thoreau dizia que não é aquilo para o que você olha que importa, mas sim aquilo que você vê.
- E o que isso quer dizer?
- Quem olha para o Edu e o João, reconhece as pessoas com quem casamos, mas o que nós duas vemos agora, de verdade, é que se tornaram os maridos que sempre sonhamos. É apenas isso o que importa e ninguém vai destrocar personalidades porcaria nenhuma! Entendeu? Fica tudo do jeito que está!
Se não for em vida, na quase morte a mulher sempre consegue o que quer!
Laerte, seu humor melhora o nosso dia.
Obrigado amigo Borsoi. Forte abraço.
Hahahaha! Só assim…
É assim mesmo pascoal. KKK. Obrigado pelo comentário. Abraço.
Moral da estória…”Só trocando de homem…” (?) rsrsrs
Kkkk
Só trocando de homem.mesmo
Kkkk
Isso mesmo. Obrigado Cacau. Nova crônica toda sexta feira. Abraço.